Às vésperas do sorteio da Copa do Mundo de 2026, dirigentes da Fifa afirmaram que a edição ampliada do torneio deve aprofundar o alcance global do futebol dentro e fora de campo.
A expectativa, dizem, é que o Mundial com 48 seleções inspire uma nova geração de torcedores e jogadores.
A diretora de futebol da Fifa, Jill Ellis, destacou que o legado da competição não será medido apenas pela audiência televisiva, mas também pelo impacto sobre novos públicos.
“O poder da Copa do Mundo está no fato de que o mundo inteiro assiste, mas o que isso provoca no torcedor local? E nas pessoas que nunca viram o jogo antes?”, afirmou.
Segundo Ellis, a expansão do torneio tende a reforçar o interesse pelo esporte.
“A base de fãs vai crescer, a atenção vai crescer. Queremos que as crianças peguem a bola, saiam para jogar e se sintam inspiradas. A Copa atrai olhares e cria a próxima geração. Esse é o aspecto mais importante de seu legado.”
Qualidade mais equilibrada
Arsène Wenger, chefe de desenvolvimento global de futebol da Fifa, defendeu a decisão de levar o Mundial a 48 participantes. Ele afirmou que a demanda para disputar a competição aumentou e que a diferença técnica entre as seleções diminuiu.
“A evolução mostra que mais equipes querem participar. E acredito que 48 é o número correto”, disse, ressaltando que mesmo assim o torneio envolverá menos de um quarto das 211 associações filiadas.
“Eu tinha algum receio de que a diferença entre os times fosse grande demais. Mas percebemos que, em termos de qualidade, essa distância diminuiu”.
Segundo Wenger, isso se deve ao maior investimento global em treinadores e no desenvolvimento de jogadores. “Educação está correlacionada ao sucesso. É por isso que vemos novas seleções na Copa. Por isso considero normal ter 48 equipes”.
Ele reforçou que todos os classificados estarão lá por mérito. “As seleções não chegam por coincidência ou convite. Elas venceram adversários de suas confederações que têm qualidade”.
Com base em lições observadas no recente Mundial de Clubes, Wenger afirmou que a Fifa está “bastante confiante” quanto à qualidade dos gramados e que fará ajustes na programação para minimizar o calor, prever pausas de hidratação e proteger a competição e os atletas diante das condições climáticas variadas das cidades-sede.
Inglaterra e França entre as favoritas
Wenger apontou a Inglaterra como uma das candidatas ao título, após sucessivos quase-lá, e classificou a França — seu país natal — como “super favorita”.
“É a seleção com mais atacantes de nível mundial do que qualquer outra no mundo”, afirmou.
Ellis, por sua vez, escolheu a Espanha. “Muito talento. Jovem, enérgica. Adoro a forma como jogam. Talvez seja a minha super favorita”, disse.
Wenger acrescentou que espera ver, no futuro, o novo formato permitir que a Copa tenha seu primeiro campeão fora da Europa ou da América do Sul.
“Queremos ver uma equipe africana. Queremos ver uma seleção asiática ou da Concacaf. Está aberto para todos. Depende apenas da qualidade”, afirmou.
(Reportagem de Kurt Hall em Washington e Rory Carroll em Los Angeles; edição de Clare Fallon)