A COP30 (30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) começa oficialmente nesta segunda-feira (10), com abertura marcada para as 10h do horário de Brasília, em Belém, capital do Pará.
A cerimônia de início contará com fala inaugural de Mukhtar Babayev, presidente da COP29, em Baku, Azerbaijão, que passará a presidência da Conferência para André Corrêa do Lago, líder da 30ª edição e quem se pronunciará na sequência.
Após a transferência de posse entre lideranças, ainda falarão no Plenário 1 o secretário-executivo da UNFCCC (Convenção da ONU para Mudanças Climáticas), Simon Stiell, e o presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), Jim Skea.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também deve discursar durante a abertura do evento.
O evento reúne líderes globais e coloca em evidência debates importantes para a agenda climática do planeta, com questões e ações para mitigar o aquecimento global e suas consequências.
Painéis agendados tratarão de temas como ETFs (fundos de índice) para investimentos verdes e avanços do uso da IA (inteligência artificial) em prol da natureza.
194 países estão registrados para a Conferência e a maioria das delegações já está instalada na cidade, aumentando as expectativas para o evento.
Em comunicado trimestral sobre mudanças climáticas da UNFCCC assinado por Simon Stiell, ele destaca que COPs recentes apresentaram resultados concretos.
O documento reafirma os esforços globais para atingir objetivos do Acordo de Paris, como a redução nas projeções para aumento da temperatura global, o investimento de mais de US$ 2 trilhões em energia limpa em 2024 no planeta e os 90% da nova capacidade de geração de energia adicionada sendo renovável.
Stiell pondera ainda que os desastres climáticos continuam afetando as economias mundo afora e pede por aceleração nos esforços para cumprir a agenda climática, como o envio das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), documentos que detalham ações de cada país para a UNFCCC.
Os números frustravam a presidência da COP30, mas, com a Conferência se aproximando, o número de NDCs enviadas saltou de 64 para 106, segundo Ana Toni, CEO da COP30, revelou à CNN Brasil na sexta.
Cúpula de Líderes
Apesar do início oficial acontecer nesta segunda, encontros já movimentam o cenário da COP desde a última semana, como a Cúpula de Líderes ocorrida nos dias 6 e 7 de novembro, com 57 representantes do mundo todo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trouxe a questão do multilateralismo como elemento de um de seus discursos. Segundo ele, não existe solução para o planeta fora do âmbito das ações conjuntas entre os países.
“A Terra é única. A humanidade é uma só. A resposta tem de vir de todos, para todos.”
Quem também cobrou grandes empresas foi o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“Muitas empresas estão obtendo lucros recordes com a devastação climática, com bilhões gastos em lobby, enganando o público e obstruindo o progresso, e muitos líderes permanecem cativos a esses interesses arraigados”, disse.
Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Uma das bandeiras brasileiras para o evento é o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre), proposta pelo país para impulsionar esforços pelo financiamento climático. O projeto visa investimentos que, de algum modo, ajudem a preservar o meio ambiente e frear as mudanças climáticas.
Segundo o embaixador Maurício Lyrio, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, mais de 50 países já declararam apoio ao fundo de florestas.
O TFFF já acumula US$ 5,5 bilhões em compromissos financeiros de países como Brasil, Noruega, Indonésia, França, Portugal e Noruega — e registrou o primeiro aporte privado da fundação do bilionário australiano Andrew Forrest no valor de US$ 10 milhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o TFFF já alcançou 50% da meta de captação estabelecida até 2026, que é de US$ 10 bilhões em aportes.
O fundo florestal visa reunir até US$ 25 bilhões nesta primeira fase, com a perspectiva de emitir até US$ 100 bilhões em títulos para o setor privado.
Alemanha também confirmou compromisso financeiro, com o chanceler Friedrich Merz ressaltando que o valor será “considerável”, ainda pendente de definição final, mas indicando forte apoio à iniciativa.
COP30 e as metas brasileiras
As Contribuições Nacionalmente Determinadas são compromissos nacionais de redução de emissões e adaptação climática assumidos por cada país que integra o Acordo de Paris. A atualização e o cumprimento dessas metas são avaliados periodicamente pela ONU.
No caso do Brasil, a atual NDC estabelece uma meta de redução entre 59% e 67% das emissões de GEE (gases de efeito estufa) até 2035, tomando como referência os índices de 2005.
Em números absolutos, isso significa que o país busca limitar suas emissões em 2035 a um intervalo entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO2. O objetivo é zerar as emissões líquidas no Brasil até 2050.
Para alcançar a redução nas emissões, o país também adota como medida principal a proposta de zerar o desmatamento ilegal até 2030 e zerar o desmatamento de maneira geral até 2035.
O documento que detalha as NDCs brasileiras também reúne um resumo de políticas públicas para viabilizar as propostas, como o Plano de Transformação Ecológica, que envolve a participação dos Três Poderes na mitigação das mudanças climáticas.
Especialistas ouvidos pela CNN Brasil consideram as metas brasileiras para o clima realistas, porém pouco ambiciosas em relação ao potencial do país.
*Com informações da Reuters