Apesar da megaoperação policial com 2500 agentes e o saldo de 117 suspeitos mortos, a liderança máxima do Comando Vermelho no Completo da Penha, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, conseguiu driblar a polícia do Rio de Janeiro e segue foragido.
Segundo apuração de Leandro Stoliar, analista convidado ao CNN Novo Dia, a fuga contou com a proteção de 70 membros do Comando Vermelho, que fizeram o cerco para que Doca conseguisse escapar da polícia.
“Para se ter uma ideia da importância do Doca, uma fonte da polícia disse que pelo menos 70 criminosos faziam a segurança dele no momento da operação”, explicou Stoliar.
Para tentar prender Doca, a polícia do Rio adotou uma estratégia chamada de “muro do Bope”. Os suspeitos foram encurralados na área de mata, onde ocorreu um intenso confronto que resultou na morte de dezenas de indivíduos – grande parte dos corpos foram recolhidos pelos próprios moradores da Penha e colocados em fila numa praça.
Doca “atravessou” o muro e seu paradeiro é desconhecido.
“Por um triz nós não prendemos o Doca. Demos um baque grande na facção. A hora dele vai chegar, assim como chegou de vários outros. Enquanto isso, vamos desestruturando a facção criminosa, com lavagem de dinheiro, apreensão de armas, prisões e investigações. Esse é o trabalho técnico”, disse o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi.
Fotos – fila de corpos após confronto na Penha
O Disque Denúncia oferece uma recompensa de R$ 100 mil por informações sobre seu paradeiro. “É o mesmo valor oferecido por informações do paradeiro do Fernandinho Beira-Mar quando ele fugiu para a Colômbia.
Doca é quem dá ordens para que as torturas aconteçam no Complexo da Penha, segundo o Ministério Público. A denúncia mostra que ele utiliza grupos de WhatsApp para emitir os comandos, gerenciar o tráfico e determinar a execução de indivíduos que contrariem seus interesses.
O balanço total do governo do Rio de Janeiro aponta para 121 mortos, sendo 117 suspeitos e quatro policiais. Até o balanço de sexta-feira (31), 99 corpos foram identificados. Segundo informações do governo, 42 possuíam mandados de prisão pendentes e pelo menos 78 apresentavam extenso histórico criminal.
Ainda segundo o governo do Rio, entre os 117 mortos, estão 9 chefes do Comando Vermelho de outras regiões que estavam na Penha no momento da operação.
Veja a lista de chefes mortos:
- PP, chefe do tráfico no Pará
- Chico Rato, chefe do tráfico em Manaus (AM)
- Gringo, chefe do tráfico em Manaus (AM)
- Mazola, chefe do tráfico em Feira de Santana (BA)
- DG, chefe do tráfico na Bahia
- FB, chefe do tráfico na Bahia
- Fernando Henrique dos Santos, chefe do tráfico em Goiás
- Rodinha, chefe do tráfico em Goiânia (GO)
- Russo, chefe do tráfico em Vitória (ES)
Até o momento nenhum nome divulgado é do estado do Rio de Janeiro. O secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, afirmou ainda que dos complexos da Penha e do Alemão partem todas as ordens e diretrizes para todos os estados onde o Comando Vermelho tem algum tipo de atuação.
Com informações de Thomaz Coelho, Beto Souza e Vitor Bonets