Um colono israelense matou a tiros um palestino de 16 anos na cidade de Tuqu’, na terça-feira (16), após o funeral de outro adolescente, informou o prefeito da cidade.
A violência na Cisjordânia tem se intensificado desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023. Os ataques de colonos israelenses contra palestinos na região aumentaram drasticamente, com a ONU relatando o maior número de ataques já registrado em outubro.
Uma fonte da segurança israelense afirmou que um civil israelense atirou contra indivíduos mascarados que atiravam pedras e garrafas em direção a veículos civis de Israel que trafegavam por uma estrada principal da região. A fonte disse que o civil foi levado para interrogatório pela polícia israelense.
A polícia de Israel não respondeu a um pedido de comentário.
“Hoje, após o funeral de Ammar Sabah, de 16 anos, morto ontem pelo Exército israelense no centro da cidade, vários jovens estavam reunidos na rua principal quando um colono atirou na cabeça de Muheeb Jibril, também de 16 anos”, disse o prefeito de Tuqu’, Mohammed al-Badan, à agência de notícias Reuters por telefone.
As forças israelenses mataram Sabah na segunda-feira (15) durante uma incursão militar na cidade, informou o Ministério da Saúde palestino. Os militares disseram que o caso está sob investigação.
Segundo eles, pedras foram atiradas contra os soldados, que usaram meios de dispersão de distúrbios e posteriormente revidaram com tiros.
A Cisjordânia abriga 2,7 milhões de palestinos que têm autonomia limitada sob a ocupação militar israelense. Centenas de milhares de israelenses se estabeleceram na região.
A maioria das potências mundiais considera ilegais os assentamentos israelenses, em territórios conquistados na guerra de 1967, e diversas resoluções do Conselho de Segurança da ONU instaram Israel a interromper todas as atividades de assentamento.
Israel contesta a visão de que seus assentamentos são ilegais e cita laços bíblicos e históricos com a região.
“Os Estados Unidos continuam focados em manter a segurança de Israel e a estabilidade de Gaza e da Cisjordânia”, declarou a vice-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Jennifer Locetta, ao Conselho de Segurança da ONU na terça-feira (16).
“O presidente Trump deixou bem claro que os Estados Unidos esperam o fim da violência na Cisjordânia e que não permitirão a anexação da Cisjordânia“, disse ela.
Em outra frente, o Exército israelense anunciou na terça-feira que planeja demolir várias estruturas no campo de refugiados de Nur al-Shams, no norte do país, um antigo campo na Cisjordânia, próximo à cidade de Tulkarm.
Afirmaram que os campos na região “servem como centros de gravidade para atividades terroristas”. A mídia palestina noticiou que o prefeito de Tulkarm condenou a ação como “um crime completo”.
Em março, o exército israelense demoliu grandes partes do campo para abrir caminho para veículos militares, deslocando milhares de pessoas, conforme relataram moradores à Reuters na época.
Os militares intensificaram as restrições de circulação e realizaram grandes operações em diversas cidades, alegando a necessidade de eliminar suspeitos de militância.
Em novembro, a Human Rights Watch acusou Israel de crimes de guerra e crimes contra a humanidade por supostas expulsões forçadas na Cisjordânia. Israel nega ter cometido tais crimes.