A Cogna reportou na quarta-feira (5) lucro líquido de R$ 191,6 milhões, revertendo prejuízo de R$ 29,1 milhões no mesmo período do ano passado, em resultado marcado por expansão de receitas e queda no endividamento, mas aumento de provisões.
O resultado teve efeito positivo de R$ 126,3 milhões do reconhecimento de imposto de renda diferido ativo sobre diferenças temporárias de ágios e contingências da controlada Saber, incorporada pelas controladas Editora Ática e Red Balloon.
De acordo com a empresa, os benefícios de sinergias operacionais e redução de tributos serão capturados em 2025 e nos próximos anos.
Um dos maiores grupos de educação do país, a Cogna também citou impactos benignos de reversão de contingências tributárias, além de melhora nos resultados operacional e financeiro.
Excluindo o reconhecimento de IR diferido e a reversão de contingência, o lucro líquido ficou em R$ 13,5 milhões.
No terceiro trimestre, a receita líquida cresceu 18,9% na comparação ano a ano, a R$ 1,5 bilhão, com aumento de 20,9% na receita da sua principal divisão, a Kroton, voltada para o ensino superior, para R$ 1,1 bilhão.
“A Kroton teve um trimestre muito especial… estamos com um mix de alunos mais premium”, afirmou o presidente-executivo da Cogna, Roberto Valério Neto, em entrevista à Reuters, chamando a atenção para o aumento de 11,7% no tíquete médio, para R$ 400.
Na unidade Vasta, de educação básica, a receita líquida registrou elevação de 13,4%, para R$ 249,6 milhões, enquanto em Saber, de materiais didáticos, idiomas e solução de aprendizagem para governos), houve acréscimo de 9,4%, para R$ 145,8 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente consolidado da Cogna somou R$ 422,7 milhões, alta de 9,8% ano a ano, com a margem nessa métrica caindo 2,3 pontos percentuais, para 27,7%.
Projeções de analistas compiladas pela LSEG apontavam lucro líquido de R$ 45,45 milhões, com receita de R$ 1,473 bilhão e Ebitda de R$ 396,13 milhões.
A queda na margem, explicou o CEO, refletiu principalmente o aumento na PCLD (provisão para créditos de liquidação duvidosa) em Kroton, na esteira da estratégia de manter o tíquete médio da captação e aumentar o nível de parcelamento (Pague Fácil)
A PCLD da Kroton aumentou para R$ 156,5 milhões no terceiro trimestre, de R$58,5 milhões um ano antes.
“Mas isso é circunstancial, é nesse trimestre, porque o Pague Fácil está concentrado nos trimestres de matrícula, ele vai melhorando ao longo dos próximos trimestres”, acrescentou Valério Neto.
“A PCLD não está subindo porque a inadimplência está subindo, mas porque parcelamos mais aqueles primeiros meses dos alunos calouros… que não temos o histórico. Então temos que provisionar”, reforçou.
Caixa e Dívida
A Cogna também reportou uma GCO (geração de caixa operacional ) após capex de R$ 392,5 milhões, ante R$ 400,1 milhões no mesmo trimestre de 2024, e geração de caixa livre de R$ 300,1 milhões, versus R$ 291,2 milhões um ano antes.
De acordo com o CEO, tal resultado reflete o desempenho operacional melhor, mas também a queda na dívida líquida. “Nós estamos com um custo de dívida menor”, afirmou, destacando ainda as ações de “liability management” da companhia
No terceiro trimestre, a dívida líquida alcançou R$ 2,6 bilhões, queda de R$ 474 milhões ante o mesmo período de 2024.
A alavancagem medida pela dívida líquida em relação ao Ebitda ajustado recuou a 1,11 vez, menor patamar nos últimos sete anos, de 1,22 nos três meses anteriores e 1,58 vez no terceiro trimestre do ano passado.
Valério Neto afirmou que a companhia continua olhando potenciais aquisições pequenas e estratégicas, mas disse que o foco agora é o fechamento de capital da Vasta, que só não foi concluído em razão do “shutdown” do governo nos Estados Unidos.
Ele disse que a empresa segue com a política de distribuição mínima obrigatória de dividendos, e que pretende usar a geração de caixa para fechar o capital de Vasta. “Depois disso, no ano que vem, dependendo dos resultados, podemos revisar.”
Em 2025, as ações acumulam uma valorização de 259% (considerando a cotação de fechamento da quarta-feira), contra alta de 27% do Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, que tem os papéis da Cogna em sua composição.