Uma proposta que está em análise pela Casa Civil, enviada pelo Ministério dos Transportes, prevê o fim da obrigatoriedade de autoescola para a obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
A possível mudança provoca reações negativas no setor. Além de especialistas, a medida também preocupa os próprios alunos das autoescolas.
A farmacêutica Camila Belém, 33, ressalta que a medida não seria uma boa alternativa. “Aprender sobre a legislação de trânsito foi, para mim, muito importante. Então, tirar [a obrigatoriedade] eu acho que realmente seria uma perda, do meu ponto de vista”, analisa a profissional de saúde que está no processo das aulas práticas em uma autoescola.
Ela ainda destaca que as aulas, principalmente a teórica, são importantes para aprender sobre as leis. “Aprender a dirigir, na prática, eu acho que é muito fácil, qualquer pessoa pode te ensinar. Mas aprender sobre a legislação, sobre as leis de trânsito, é algo mais importante”, acrescenta.
Na avaliação da publicitária Cecília Campelo, 25, que está programando-se para dar entrada na autoescola, a medida é perigosa.
“É uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que iria facilitar o acesso a carteira, sem os custos e burocracia da autoescola, também é perigoso, ao ponto que a prova teórica não comprova a compreensão do condutor sobre alguns pontos importantes”, diz.
“Entender sobre prioridade de faixas, primeiros socorros e legislação do trânsito é algo que só é apresentado à maioria das pessoas por meio do curso”, complementa.

Por outro lado, há quem enxergue a medida com cautela. A estudante Marina Pereira, 18, explica que em alguns Centros de Formação de Condutores (CFC), o material abordado é muito antigo.
“Com a autoescola e as aulas teóricas eu acho que é uma perda de tempo. Seria algo mais fácil se fosse com material atualizado e eficiente”, diz.
Atualmente, há uma exigência mínima de 20 horas-aula para realização do teste prático. Caso aprovada, elas passarão a ser opcionais e sem exigência de carga horária mínima. A medida aguarda a aprovação da Casa Civil da Presidência da República para ser implementado.