China já havia avisado Brasil sobre tarifa na carne e impacto será mínimo

A China já havia sinalizado ao Brasil que iria impor tarifas adicionais de 55% sobre a carne bovina no caso de superação de uma cota de importação, apurou a CNN. Além disso, o governo brasileiro considera que o impacto mercadológico da medida deve ser mínimo.

A avaliação é do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, que comentou a posição do governo brasileiro em entrevista à CNN.

A decisão do governo chinês foi tomada após associações da indústria de carne bovina da China pressionarem por medidas de salvaguarda imediatas até o fim do ano, com o objetivo de estabilizar as expectativas do mercado e proteger a renda dos produtores locais.

Desde 2023, o setor de pecuária bovina chinês vem acumulando prejuízos por uma combinação de fatores, incluindo o aumento das importações. Esse cenário levou muitos criadores a anteciparem o abate de animais reprodutores como forma de reduzir custos.

“Isso já estava definido, que a China faria o anúncio da conclusão do processo de salvaguarda. Era natural que a China tomasse uma decisão no sentido de refrear as importações em detrimento de uma possível melhora dos indicadores da indústria local”, explicou o secretário.

No caso do Brasil, as tarifas adicionais só serão aplicadas se as importações chinesas de carne bovina brasileira ultrapassarem a cota de 1,106 milhão de toneladas em 2026.

Esse volume, entre 1 milhão e 1,2 milhão de toneladas, corresponde justamente à média histórica das exportações brasileiras de carne bovina para a China. Na prática, a maior parte da carne brasileira continuaria isenta da tarifa extra.

“Não é nenhum fim do mundo. A gente sempre prefere o livre mercado, mas não é uma notícia que tenha impacto no mercado. Não tem impacto para causar uma disrupção ou causar pânico no mercado”, disse Rua.

O secretário também explicou que, nos últimos três anos, o governo brasileiro vinha se preparando para possíveis medidas protecionistas de outros países. Nesse período, o Brasil avançou na abertura de novos mercados nas Filipinas e Indonésia — grandes consumidores e com perfil de consumo semelhante ao chinês.

Em 2025, as exportações brasileiras de carne bovina para a China devem bater recorde e alcançar cerca de 1,6 milhão de toneladas. Na avaliação do governo, esse número é considerado atípico, em razão do tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

Com as tarifas adicionais impostas pelo governo Trump sobre a carne bovina brasileira, parte dos embarques acabou sendo redirecionado para outros mercados, incluindo a China. A tendência é que esse fluxo volte à normalidade ao longo de 2026.

De acordo com Rua, os próximos passos envolvem a retomada das negociações com as autoridades chinesas, com quem o Brasil mantém um bom relacionamento no setor agropecuário.

 

 

FONTE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *