CEO da ABBC defende importância da independência técnica do Banco Central

Associações representativas do setor bancário brasileiro, como ABBC, Febraban, Acrefi e Zetta, divulgaram, neste sábado (27), uma nota conjunta em apoio ao BC (Banco Central), defendendo a atuação técnica e independente da instituição. O comunicado surge em um momento delicado, após a liquidação extrajudicial do Banco Master. Em entrevista à CNN, Leandro Vilain, CEO da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), falou sobre a importância da autonomia do BC para a estabilidade do sistema financeiro

“O sistema financeiro guarda uma certa correlação entre todas as instituições que estão operando dentro do mesmo sistema. É por conta disso que você tem um Banco Central que tem que ser independente, ele tem que ter autonomia nas suas decisões”, afirmou Vilain.

Decisões técnicas e independentes

Segundo Vilain, a área de supervisão do BC faz o acompanhamento da solvência e da liquidez das instituições financeiras. “Quando há sinais de que realmente uma instituição financeira está incapacitada de prosseguir com as suas operações, cabe ao Banco Central tomar a decisão de decretar liquidação e interromper esse risco que você está gerando para todo o sistema financeiro”, explicou o executivo, enfatizando que essa decisão é totalmente técnica e precisa ser independente, como ocorre no Brasil e no restante do mundo.

O CEO da ABBC alertou que questionar decisões técnicas do BC pode gerar insegurança jurídica, prejudicando a credibilidade do sistema financeiro nacional e afetando a percepção de investidores internacionais. “Essa insegurança jurídica coloca em xeque até mesmo a própria autoridade financeira que é o Banco Central. Você coloca também em dúvida, até o próprio investidor internacional que começa a olhar para cá e questionar um pouco as regras que estão em vigor aqui para o sistema financeiro”, afirmou.

Confiança como base do sistema financeiro

Vilain ressaltou que, mesmo na hipótese de reversão da decisão de liquidação, haveria dificuldade para a instituição financeira voltar a operar normalmente. “No final do dia, a instituição financeira depende muito da confiança que ela tem perante o sistema. E, nesse caso, a confiança já não existe mais, portanto, mesmo que por uma hipótese remota essa reversão dessa liquidação seja executada, há uma total impossibilidade da instituição financeira voltar a operar porque ela não tem mais como angariar a confiança dos investidores”, explicou.

O executivo também destacou a robustez do sistema financeiro nacional. “O sistema financeiro brasileiro é um dos mais robustos que tem ao redor do mundo, muito bem capitalizado. Atravessamos diversas crises com problemas muito pequenos. Passamos a crise de 2009, não podemos esquecer também a recessão de 2015, enfim, e o Covid”, concluiu, reforçando que o sistema respondeu de forma muito positiva com o Banco Central atuando de maneira técnica e independente.

FONTE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *