O costume de levar o celular para o banho pode ser hábito comum para quem gosta de ouvir música, assistir vídeos ou apenas se distrair enquanto se higieniza.
No entanto, essa prática, aparentemente inofensiva, pode causar prejuízos consideráveis ao aparelho.
Isso porque a combinação de vapor com umidade e com calor é potencialmente perigosa para componentes internos dos atuais smartphones, como alerta Tatiana Moura, fundadora da assistência técnica FixOnline. Entenda a seguir.
Como o vapor do banho afeta o celular?
Durante o banho, o ar dentro do banheiro costuma ter as seguintes características: temperatura alta e o ar carregado de vapor d’água.
Em situações em que o celular é levado para dentro do cômodo, o vapor penetra facilmente em pequenas aberturas do aparelho — principalmente se ele tiver trincos na tela ou na tampa traseira.
Somado a isso, a temperatura mais quente favorece que pequenas peças ou áreas do aparelho se descolem, o que potencializa as chances de penetração de água.
“Pequenas fissuras são o suficiente para a entrada de vapor e para iniciar o processo de oxidação de componentes vitais na placa do aparelho, assim como danos nos módulos de câmeras — extremamente sensíveis à poeira e ao vapor”, explica Tatiana.
Existe algum modelo mais vulnerável?
Não existem modelos ou marcas específicas mais suscetíveis a danos causados pelo ambiente do banho.
“Deve-se redobrar a atenção no momento de escolha do aparelho, pois os que não têm certificação de resistência à água e à poeira serão automaticamente os mais suscetíveis a problemas.”
Celulares à prova d’água também correm risco
A certificação de resistência à água não é garantia de segurança no banho. Isso porque a exposição constante ao vapor do chuveiro pode deteriorar as vedações internas, facilitando a entrada de água e poeira.
Como identificar danos causados pelo banho
De acordo com Tatiana, cotidianamente celulares chegam danificados à assistência técnica por mau uso durante o banho.
“Todos os dias recebemos clientes que tiveram o celular danificado por uso no banheiro, especificamente durante o banho. O sinal mais comum nesses casos é a formação de vapor dentro do aparelho, sendo facilmente visto pelas lentes da câmera. O aspecto é similar ao de gotículas e de poeira.”
Outros sinais comuns incluem:
- oxidação de componentes internos;
- aparelho travando, reiniciando sozinho ou que não liga mais.
Garantia pode ser anulada
Além do risco de perder o aparelho, levar o celular para o banho pode comprometer a garantia de fábrica.
Isso porque os aparelhos contam com adesivos internos que detectam o contato com líquidos.
“Originalmente esse adesivo é branco, mas em contato com água ou umidade, a cor muda para vermelho”, revela Tatiana.
Se isso ocorrer, o fabricante considera que houve mau uso — o que automaticamente anula a garantia, mesmo que o aparelho ainda esteja no prazo legal.
Atenção redobrada para quem já fez algum reparo em lojas não autorizadas. Muitas vezes, as assistências não reinstalam as vedações originais corretamente, o que aumenta ainda mais o risco de infiltração.
“Caso o aparelho já tenha passado por algum tipo de reparo fora da assistência técnica autorizada, ele estará mais suscetível à entrada de vapores e poeira”, pontua Tatiana.
Sem a vedação original, o celular fica desprotegido contra a umidade, mesmo fora do box do chuveiro.
Vale mais a pena consertar ou trocar?
Os danos provocados pela umidade variam em gravidade e custo. Em alguns casos, uma limpeza química resolve o problema.
Em outros, é necessário recorrer a serviços especializados em reparo de placas, que nem sempre são bem-sucedidos.
Segundo Tatiana, os custos oscilam bastante. “Valores de reparos avançados variam com a magnitude do problema, o modelo do aparelho e de região para região, ficando numa média de R$ 300 a R$ 1.500.”
Nos casos mais graves, a umidade causa curto-circuito na placa principal, tornando o conserto caro ou até inviável, sendo a troca do aparelho pode ser a única saída.
O que fazer para evitar prejuízos
A recomendação não tem mistério: não levar o celular para o banheiro quando for tomar banho. “É a melhor forma de evitar futuros problemas com o aparelho celular”, reforça Tatiana.
Para quem não abre mão de ouvir música, há alternativas mais seguras. “Uma dica que pode amenizar os riscos é não levar o aparelho para dentro do box, onde é mais quente e cheio de vapor.”
Ainda assim, é importante saber: mesmo fora do box, o ambiente continua úmido. A exposição frequente, mesmo que indireta, pode acelerar o desgaste das vedações internas.