A CNN teve acesso ao suposto contrato que o brasileiro Anderson de Oliveira Ferreira assinou para o alistamento ao serviço militar russo. O jovem, que embarcou para a Rússia em fevereiro deste ano, está desaparecido há mais de 30 dias. Familiares buscam por informações.
O documento foi enviado por um soldado à família de Anderson, no papel foi possível observar constatações como “cumprir o serviço militar”. Com a tradução livre confirmada por um especialista em russo, o contrato aponta que o brasileiro assinou um termo de alistamento militar.
O texto do contrato afirma que há um seguro obrigatório para a família em caso de compensação por danos pela Rússia, porém Anderson está desaparecido, ainda não se sabe o que aconteceu com o brasileiro.
Não há consenso e o brasileiro foi enganado com uma proposta falsa de emprego para segurança ou embarcou escondido da família para o alistamento voluntário ao Exército russo. O último contato de Anderson com a família foi no último dia 29 de junho.
O professor Vicente Ferraro, pesquisador da Universidade de São Paulo e especialista em temas da Rússia, aponta que é normal a Rússia recrutar soldados em outros países, ” esse aliciamento é feito em vários países, principalmente no Sul Global, países em situação de, de alta vulnerabilidade social”.
Além de buscar pessoas que sejam próximas dos ideias militares, os recrutadores oferecem um salário que para esses países é considerado alto.
“Geralmente são oferecidos salários de pelo menos US$ 2.000,00. Em alguns casos também tem relatos de que são oferecidos um bônus pra adesão, ali no momento do aliciamento e há relatos de promessa de cidadania, esses casos eles são mais focados aos estrangeiros que hoje estão na Rússia, lembrando que a Rússia é um dos países com a maior quantidade de imigrantes do mundo”, analisa Ferraro.
Recrutamento global
No ano passado, durante visita do primeiro-ministro da Índia à Rússia, o tema de cidadãos indianos recrutados pelo Exército russo foi mencionado por Narendra Modi. O líder indiano chegou a afirmar que os soldados foram enganados durante alistamento. O Kremlin prometeu dispensar indianos lutando por Moscou na Ucrânia.
A mãe está abalada e afirma que “só quer ajuda para recuperar o corpo”.
Desde a primeira publicação a CNN procura o governo brasileiro por meio do Itamaraty, mas segue sem resposta. O espaço segue aberto.