Avanço da denúncia no STF agrava isolamento de Eduardo Bolsonaro na direita

A primeira turma do Supremo Tribunal Federal formou maioria para aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Eduardo Bolsonaro. O deputado do PL é acusado de tentar coagir ministros da Corte para impedir o julgamento do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A PGR acusa Eduardo Bolsonaro de articular, a partir dos Estados Unidos — onde vive desde março — sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras. Segundo a procuradoria, o objetivo seria interferir no julgamento do pai, condenado por tentativa de golpe.

O relator, ministro Alexandre de Moraes, afirma haver “relevantes indícios” de que as ações de Eduardo buscavam criar um ambiente de instabilidade para pressionar ministros do Supremo a votarem a favor do ex-presidente, o que caracterizaria interferência em um processo judicial.

Entre os exemplos citados na denúncia estão a suspensão de vistos americanos de ministros do STF e familiares, o tarifaço imposto pelo governo Donald Trump e a possibilidade de aplicação da lei Magnitsky contra Moraes.

Segundo o processo, Eduardo também se recusou a apresentar advogado próprio ou a manter contato com a Defensoria Pública da União, em um  movimento interpretado como tentativa de transmitir a imagem de que estaria sendo julgado à revelia.

O resultado desta sexta-feira (14) é a percepção de um isolamento crescente, não apenas físico, mas também político. Poucos aliados se dispuseram a defender Eduardo. Reflexo de uma série de brigas com colegas, o centrão, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — um dos cotados para substituir Jair Bolsonaro na eleição presidencial.

Há quem defenda distância, diante da repercussão negativa e dos reveses sofridos pela direita, graças à atuação de Eduardo nos Estados Unidos. Parte da oposição busca se reerguer sem depender da família Bolsonaro. Nisso, o projeto Antifacções é visto como uma plataforma de salvação.

A avaliação é de que a retomada da diplomacia do governo Lula com o governo Trump também esvazia o papel de Eduardo, especialmente após ele se projetar como o dono do monopólio do diálogo com a Casa Branca.

A situação de Eduardo ainda causa mudanças nos planos eleitorais da direita para o ano que vem. Inicialmente cotado para disputar o senado por São Paulo, membros da oposição já estudam alternativas e não garantem sequer que ele volte ao Brasil. Se condenado, e a depender do andamento do processo, Eduardo pode ficar inelegível em 2026.

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