Em meio a onda de ataques a ônibus em São Paulo, cresceu o número de multas por viagens não realizadas aplicadas pela SPTrans, empresa que gere o transporte público na capital paulista. Em junho deste ano, quando começaram as depredações, foram realizadas 21.959 autuações, contra 20.052 no mesmo mês do ano passado — um aumento de 9,51%.
Os números também cresceram em relação ao mês anterior, antes da onda de ataques. Em maio deste ano, foram registradas 21.241 multas, com aumento de 3,38%. Apenas no último mês, foram aplicados R$ 4.505.364,80 em multas.
A linha de investigação da Polícia Civil de São Paulo mais considerada é de que as depredações são motivadas por sabotagens entre empresas, na disputa por contratos com a prefeitura, e por funcionários descontentes com o serviço.
Em caso de depredação, o veículo danificado deve ser retirado de circulação e a concessionária é obrigada a encaminhar o ônibus para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que deve realizar a próxima viagem. “Caso isso não ocorra, a empresa está sujeita a multa por não cumprir a partida programada”, alerta a empresa e a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT).
Em maio e junho deste ano, a empresa Transwolff foi a mais multada — concessionária que passa por processo de saída de contrato com a prefeitura, após investigações ligarem diretores da empresa ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A CNN procurou a empresa, mas não teve retorno.
Além da empresa, entre as mais multadas estão a Sambaíba e a Viação Metrópole. Um relatório da polícia mostrou que a Sambaíba correspondia a cerca de 4,41% dos ataques até começo de julho. As demais empresas citadas não aparecem no relatório entre as mais atacadas.
Mais de 800 ônibus depredados
Até esta segunda-feira (21), as empresas operadoras relataram que 524 veículos do sistema municipal de transporte foram depredados, desde 12 de junho, de acordo com a SPTrans.
Para além da cidade, no estado, outros 291 veículos foram alvos de ataque. Ou seja, já são 815 veículos depredados no total no estado.
A frota cadastrada na cidade é de 13.336 ônibus, enquanto a frota operacional, ou seja, aquela efetivamente em operação, é de 12.024.
“As operadoras contam com uma reserva técnica de mais de mil veículos. A obrigação de manter essa reserva é prevista no contrato de concessão”, explica a SPtrans.
A CNN tentou contato com as viações Metrópoles e Sambaíba e ainda não obteve retorno.