Apple gasta US$ 500 milhões para obter material essencial ao iPhone nos EUA

A Apple está investindo US$ 500 milhões em um acordo com a empresa americana de terras raras MP Materials, já que a fabricante do iPhone enfrenta pressão do presidente Donald Trump para produzir seus populares smartphones nos Estados Unidos.

Como parte da parceria anunciada na terça-feira (15), a Apple se comprometeu a comprar ímãs de terras raras diretamente da MP Materials para ajudar a fortalecer sua cadeia de suprimentos nos EUA.

A big tech também colaborará com a empresa em uma nova linha de reciclagem na Califórnia, que reutilizará materiais de terras raras reciclados para uso em produtos da fabricante do iPhone.

A medida faz parte de um investimento de US$ 500 bilhões anunciado pela Apple no início deste ano para expandir suas operações nos EUA, enquanto o governo Trump busca a fabricação de tecnologia no país e reduz a dependência da China.

As terras raras, essenciais para tudo, de smartphones a TVs e jatos militares, têm sido uma moeda de troca fundamental nas negociações comerciais entre Washington e Pequim. Isso porque a China controla quase todo o processamento de terras raras.

“A inovação americana impulsiona tudo o que fazemos na Apple, e temos orgulho de aprofundar nosso investimento na economia americana”, disse o CEO da Apple, Tim Cook, em um comunicado à imprensa.

“Materiais de terras raras são essenciais para a criação de tecnologia avançada, e esta parceria ajudará a fortalecer o fornecimento desses materiais vitais aqui nos Estados Unidos.”

A unidade da MP Materials em Fort Worth, Texas, criará novas linhas de fabricação de ímãs especificamente para produtos Apple. As entregas estão previstas para começar em 2027 e, eventualmente, darão suporte a “centenas de milhões de dispositivos Apple”, de acordo com a MP Materials.

Os materiais serão entregues em todos os Estados Unidos e em todo o mundo.

A Apple afirma que a expansão criará dezenas de novos empregos. Ambas as empresas também oferecerão treinamento para desenvolver uma força de trabalho nos EUA para a fabricação de ímãs.

A China detém um monopólio virtual sobre elementos de terras raras, componentes essenciais para produtos do dia a dia, como smartphones, turbinas eólicas, lâmpadas LED e TVs de tela plana.

Eles também são cruciais para baterias de veículos elétricos, bem como para aparelhos de ressonância magnética e tratamentos contra o câncer.

O nome terras raras também é um pouco impróprio. Os materiais são encontrados em toda a crosta terrestre, mas são difíceis e caros de extrair e processar.

A China possui o único equipamento necessário para processar alguns dos vários elementos e atualmente controla 92% da produção global na fase de processamento.

Embora o acordo da MP Materials possa ajudar a Apple a ganhar a simpatia de Trump em meio às ameaças tarifárias, ele também se alinha aos esforços da empresa para incorporar mais materiais reciclados em seus produtos — um plano que já estava em vigor muito antes do republicano assumir o cargo.

O iPhone 16e, lançado no início deste ano, por exemplo, inclui 30% de conteúdo reciclado. A Apple afirma usar terras raras recicladas em seus principais produtos, incluindo ímãs encontrados nos modelos mais recentes de iPhones, iPads, Apple Watches, MacBooks e Macs.

O governo Trump tem pressionado a Apple e outras gigantes da tecnologia a produzirem seus produtos nos Estados Unidos em vez de depender de instalações de montagem e operações da cadeia de suprimentos localizadas principalmente na China, Índia e Vietnã.

“Há muito tempo informei Tim Cook, da Apple, que espero que seus iPhones vendidos nos Estados Unidos sejam fabricados e construídos nos Estados Unidos, não na Índia ou em qualquer outro lugar”, publicou Trump no Truth Social em maio. “Se não for esse o caso, a Apple deverá pagar uma tarifa de pelo menos 25% aos EUA.”

A Apple não discutiu planos para transferir a fabricação do iPhone para os EUA, e isso parece improvável. Isso porque exigiria que a gigante da tecnologia mudasse radicalmente a forma como fabrica seu produto mais lucrativo.

Expandindo a expertise

Fundamentalmente, a colaboração entre a Apple e a MP Manufacturing envolve o desenvolvimento do conjunto de talentos necessário para a fabricação de ímãs.

Essa é parte da razão pela qual é tão desafiador transferir a produção do iPhone para os Estados Unidos – os EUA carecem da mão de obra altamente especializada necessária para isso, afirmam especialistas.

“A expertise necessária para fabricar cada um dos componentes é algo que precisa ser trabalhado por um longo período de tempo”, disse anteriormente à CNN Internacional David Marcotte, vice-presidente sênior da empresa de pesquisa de mercado internacional Kantar.

Cook também falou sobre a lacuna de mão de obra no passado, descrevendo a força de trabalho na China como sendo uma combinação de habilidades de “artesão”, “robótica sofisticada” e “mundo da ciência da computação” ao falar em um evento da revista Fortune em 2017.

Mas o compromisso de investir em terras raras de origem americana provavelmente agradará Trump. O presidente elogiou o anúncio anterior de investimento da Apple como uma vitória em seus esforços para impulsionar a indústria americana.

A Apple é apenas uma das muitas gigantes da tecnologia que expandiram sua presença nos Estados Unidos nos últimos meses.

A Texas Instruments investiu US$ 60 bilhões na fabricação de semicondutores nos Estados Unidos em junho, e a gigante taiwanesa de chips TSMC investiu US$ 100 bilhões na fabricação americana em março.

A Nvidia, fabricante líder de chips para IA, também anunciou que construiria seus supercomputadores nos Estados Unidos em abril.

Com informações de Chris Isidore, da CNN Internacional

Traduzido por João Nakamura, da CNN, em São Paulo

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