Após nova polêmica, Inep nega cancelar outras questões do Enem

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) afirmou nesta terça-feira (25) que nenhuma outra questão do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025 será anulada.

A posição foi divulgada a pedido da CNN Brasil após a revelação de que pelo menos mais duas perguntas aplicadas no exame neste ano já tinham aparecido, em março — oito meses antes da prova —, em um grupo de WhatsApp usado como mentoria pelo estudante de medicina Edcley Teixeira, acusado de ter antecipado itens do Enem.

“A avaliação técnica da autarquia é a de que a eventual memorização parcial e aleatória entre as milhares de questões pré-testadas para o Enem nos últimos anos não compromete a integridade do exame”, afirmou o Inep em nota, em referência à participação de Edcley em pré-testes.

Mensagens trocadas por Edcley com o grupo de mentoria dele no WhatsApp em 14 de março mostram que o estudante de medicina compartilhou ao menos uma pergunta que caiu na prova de novembro de forma muito similar.

O enunciado apresentado por Edcley: “Você tem 10 ml de uma solução com concentração de 99,95% de água e o restante de cloro. [De] quantos mililitros de água pura você precisaria adicionar a essa solução para que a concentração de água passe a ser de 99,90%?”. A resposta era 5.

No Enem, essa mesma questão apareceu na prova de matemática de forma muito similar. O teste oficial apresentava uma solução de 10 ml com concentração de 99,95% de água e pedia o volume de água que deveria ser adicionado para reduzir a concentração para 99,90%. A alternativa considerada correta pelo gabarito oficial do Inep era a alternativa correspondente a 5 ml.

Imagem de fórum de discussão mostra uma das mensagens trocadas por Edcley Teixeira em março apresentando uma questão muito similar à que caiu no Enem 2025 • Reprodução
Imagem de fórum de discussão mostra uma das mensagens trocadas por Edcley Teixeira em março apresentando uma questão muito similar à que caiu no Enem 2025 • Reprodução

A outra questão identificada no material compartilhado por Edcley em março, como mostram prints que circulam pelas redes sociais, tratava de probabilidade envolvendo o lançamento de dados. O enunciado era idêntico ao aplicado no Enem 2025, com mesma estrutura e mesmos valores.

No exame oficial, o item apareceu nos quatro cadernos com numerações diferentes, e o gabarito do Inep apontou como correta a alternativa que indicava a probabilidade de “125/216″.

Também em março, Edcley teria enviado ao grupo de alunos uma mensagem em referência a essa questão que apareceu no teste oito meses depois. “Agora uma coisa eu garanto, se cair no Enem pode marcar 125/216 sem medo de ser feliz… Nem leia [o enunciado] não”, disse ele na época.

Edcley disse em entrevista ao “Fantástico” no domingo (23) que percebeu que o Prêmio Capes de Talento Universitário, do qual ele participou, utilizava questões que serviam como pré-teste do Enem.

Ele teria estruturado um esquema para obter itens pré-testados do Enem ao estimular universitários a fazer a prova. Ele oferecia pequenos pagamentos para que eles memorizassem questões, reuniu esses relatos para formar um banco próprio de itens, utilizou o material em aulas e mentorias e, posteriormente, passou a comercializar parte desse conteúdo.

Edcley não respondeu aos questionamentos feitos pela CNN Brasil até a conclusão deste texto.

O que diz a Polícia Federal

A Polícia Federal foi questionada sobre a inclusão dessas duas novas questões no inquérito e se as mensagens integram o material obtido nos aparelhos apreendidos no domingo (23). Em nota, limitou-se a informar que “a PF não se manifesta sobre investigações em andamento”.

FONTE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *