Aos 81 anos, presidente da Oracle atinge auge de influência e poder

Aos 81 anos de idade, o presidente da Oracle e megabilionário Larry Ellison, pioneiro da tecnologia de banco de dados e figura central do Vale do Silício há cinco décadas, está no auge de sua influência, riqueza e poder político.

Ele lidera um grupo de investidores que comprará e supervisionará a maior parte dos ativos do TikTok nos EUA, conforme confirmado por uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump na quinta-feira (25).

Ellison também apoia as ambições massivas de seu filho David de se tornar um dos principais magnatas da mídia do país. No início deste mês, ele brevemente se tornou a pessoa mais rica do mundo, superando Elon Musk, quando as ações da Oracle dispararam devido às projeções para seus negócios em expansão na área de IA.

Ellison está consolidando sua posição como uma das figuras empresariais mais poderosas do mundo. Grande parte dessa evolução ocorreu como resultado de seu relacionamento com Trump.

Como muitos no Vale do Silício, as posições políticas de Ellison evoluíram – de democrata admirador de Bill Clinton, a um discreto doador republicano, até se posicionar ao lado de Trump na Casa Branca.

“O mais interessante é como Larry Ellison passou de um doador muito discreto e nos bastidores de super PACs para um participante muito mais vocal e ativo no movimento conservador”, disse Terry Sullivan à CNN, que comandou a campanha presidencial de Marco Rubio em 2016, apoiada por Ellison.

Evolução em direção a Trump

Até recentemente, Ellison não era visto como um bilionário abertamente político – ele fez doações tanto para democratas quanto para republicanos. Mas isso mudou nos últimos anos. (Ellison recusou-se a comentar através de um porta-voz da Oracle).

No passado, Ellison expressou grande admiração por Clinton, dizendo à Playboy em 2002 que Clinton é “um ser humano extraordinário”. Em 2000, ele supostamente brincou sobre emendar a constituição “para eleger Bill Clinton para um terceiro mandato”.

Embora Ellison não fosse conhecido por apoiar financeiramente Barack Obama, ele se reuniu com o ex-presidente durante seu mandato, e Obama jogou golfe várias vezes em campos de propriedade de Ellison. Mas foi durante a presidência de Obama que Ellison aparentemente começou a se inclinar para a direita, conforme relatado anteriormente por diversos veículos.

Ellison doou dezenas de milhões de dólares para apoiar a candidatura presidencial de Marco Rubio, atual secretário de Estado, em 2016.

Sullivan, gerente de campanha de Rubio, descreveu Ellison como “muito discreto em comparação com outros doadores bilionários”, afirmando que ele não solicitava “uma série de reuniões.”

“Não diria que estou surpreso com sua postura mais pública agora, mas é definitivamente uma mudança”, acrescentou Sullivan.

Após Rubio deixar a disputa, Ellison não endossou nem fez doações nem para Trump nem para Hillary Clinton.

Em uma entrevista de 2018 para Maria Bartiromo, da Fox Business, Ellison definiu sua posição política como parte do “centro desapaixonado. O entediante e desapaixonado centro”, citando outros que ele considera centristas como Clinton, Rubio, senador Mitt Romney e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Em 2020, Ellison organizou um evento de arrecadação para a primeira campanha de reeleição de Trump em uma de suas propriedades, embora tenha feito questão de informar a um repórter da Forbes na época que não compareceu pessoalmente.

Ele também integrou um grupo consultivo da Casa Branca que trabalhou para reativar a economia americana durante a pandemia de coronavírus.

“Não acho que [Trump] seja o demônio — eu o apoio e quero que ele se saia bem”, disse Ellison à Forbes naquele ano.

Em setembro de 2020, a Oracle tornou-se parceira comercial do TikTok nos Estados Unidos, buscando satisfazer as preocupações de segurança nacional do governo Trump sobre o aplicativo. Trump também apoiou a tentativa da Oracle de comprar as operações americanas do TikTok, junto com o Walmart – um acordo que acabou não se concretizando.

“Acho que a Oracle é uma grande empresa e seu proprietário é uma pessoa extraordinária, realmente extraordinária”, disse Trump na época.

Após as eleições de 2020, Ellison teria participado de uma ligação que incluiu o senador Lindsey Graham e o apresentador da Fox News Sean Hannity sobre a contestação dos resultados e a derrota de Trump, embora seu filho David tenha posteriormente declarado à jornalista Kara Swisher em 2022, quando questionado sobre a ligação, que “todos em minha família acreditam que foi uma eleição livre e justa e aceitam os resultados”.

Apesar de sua aparente proximidade com Trump, foi o senador da Carolina do Sul Tim Scott quem atraiu o apoio de Ellison durante as primárias republicanas para a eleição de 2024, investindo dezenas de milhões de dólares no super PAC de Scott em 2022 e comparecendo ao lançamento de sua campanha.

Porém, segundo o New York Times, Ellison não fez mais doações após Scott entrar oficialmente na corrida e não conseguir ganhar impulso. No entanto, ele teria feito lobby junto a Trump para que Scott fosse escolhido como candidato a vice-presidente.

Scott não respondeu aos pedidos de comentário.

Foi também nessa época que Ellison demonstrou seu apoio – e US$ 1 bilhão – à tentativa de seu amigo próximo Elon Musk de comprar o Twitter, que Musk disse ter sido motivada por questões de liberdade de expressão. Menos de um mês após o fechamento do negócio, Musk suspendeu o banimento da conta de Trump, implementado pelo Twitter após o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Ellison não endossou publicamente nem fez doações a Trump durante a eleição de 2024. Mas um dia após a segunda posse de Trump, Ellison apareceu ao lado do Presidente na Casa Branca com o CEO da OpenAI, Sam Altman, e o CEO da SoftBank, Masayoshi Son, para anunciar uma nova joint venture chamada Stargate, destinada a expandir a infraestrutura de inteligência artificial nos Estados Unidos.

O investimento visionário em IA representou uma significativa oportunidade de crescimento para a Oracle, um gigante do Vale do Silício que havia se tornado relativamente monótono como provedor de nuvem e middleware de banco de dados.

“No caso de Larry, vai muito além da tecnologia, ele é uma espécie de CEO de tudo”, disse Trump durante o anúncio.

Desde então, Ellison tem sido um visitante frequente da Casa Branca, segundo o Puck.

“Larry Ellison é um deles. Ele está envolvido. Ele é uma ótima pessoa”, disse Trump este mês ao falar sobre o acordo do TikTok.

O filho pródigo

Enquanto o acordo do TikTok estava sendo negociado, Ellison estava apoiando outro grande empreendimento de mídia – a aquisição da renomada empresa de estúdio e mídia Paramount pela Skydance, empresa de seu filho David Ellison.

A Skydance – produtora do jovem Ellison fundada em 2010 – fez sua primeira oferta pela Paramount em janeiro de 2024. Esperava-se que o acordo recebesse aprovação regulatória nos primeiros meses de 2025.

No entanto, transformou-se em um longo processo de revisão de fusão marcado por alegações de interferência política, decorrentes das duras críticas de Trump à divisão CBS News da Paramount, incluindo um processo sobre uma entrevista que a CBS exibiu com a então vice-presidente Kamala Harris durante a eleição de 2024.

Em julho, a Paramount fechou um acordo de US$ 16 milhões com Trump, sem apresentar qualquer pedido de desculpas. Na época, a Paramount afirmou que o processo judicial era completamente independente da transação com a Skydance e do processo de aprovação regulatória.

Algumas semanas depois, a Skydance deu outro passo para facilitar o caminho da aprovação: enviou uma carta à Comissão Federal de Comunicações informando que, após a fusão com a Paramount, realizaria uma “revisão abrangente da CBS”, incluindo a nomeação de um ouvidor para avaliar reclamações sobre “parcialidade ou outras preocupações” na rede de notícias e eliminar as práticas de diversidade, equidade e inclusão da empresa.

Dois dias após o envio dessas cartas, a FCC votou pela aprovação da fusão.

Surgiram especulações sobre as posições políticas de David Ellison e se elas teriam mudado para facilitar o acordo – no ano anterior, ele havia investido dinheiro apoiando democratas. Em abril e junho de 2025, o jovem Ellison foi visto ao lado de Trump em lutas do UFC. (Pouco depois do fechamento da fusão com a Skydance, a Paramount anunciou que havia adquirido os direitos exclusivos de mídia do UFC).

A imagem de David Ellison ao lado de Trump pode ter surpreendido alguns, considerando seu histórico recente como grande doador democrata, que em 2022 disse a Swisher “Eu mesmo sou uma pessoa socialmente liberal”.

Nos primeiros meses de 2024, o jovem Ellison doou mais de US$ 100 mil ao Comitê Nacional Democrata e dezenas de milhares para partidos democratas estaduais, segundo registros federais. Sua maior doação, no entanto, ocorreu em abril de 2024, quando doou US$ 929.600 para a campanha de reeleição do ex-presidente Joe Biden, de acordo com a CNBC.

Ao comprar a Paramount, David Ellison instantaneamente se tornou um dos líderes mais importantes de Hollywood, da mídia jornalística e da televisão. E ele pode ganhar ainda mais influência em breve: a empresa de Ellison está supostamente em negociações avançadas para adquirir o The Free Press, uma publicação de tendência conservadora, e possivelmente estaria preparando uma oferta pela Warner Bros.Discovery, empresa controladora da CNN.

Pouco antes da aprovação oficial da fusão Skydance-Paramount, Trump afirmou que a Skydance lhe concederia US$ 20 milhões adicionais em “publicidade, anúncios de utilidade pública ou programação similar”. Quando questionado por repórteres, Ellison se recusou a comentar sobre a alegação de Trump.

Uma fonte próxima a David Ellison contestou quaisquer sugestões sobre uma evolução política ligada a interesses comerciais.

“Existem muitas suposições sendo feitas sobre David – principalmente uma narrativa de que ele tem motivações através de seus negócios interconectados que serão de alguma forma usadas para influenciar uma agenda política. Isso é apenas uma teoria da conspiração”, disse a fonte.

O jovem Ellison tem tentado deixar a política de lado, dizendo aos repórteres durante entrevistas após a fusão Skydance/Paramount que “não tem interesse” em entrar no espectro político.

“Estou empolgado em focar no trabalho e construir este negócio com esta notável equipe aqui presente, não em ficar discutindo como certas questões são politizadas”, afirmou.

E assim como a visão política que seu pai uma vez defendeu, o jovem Ellison disse aos repórteres que quer que seu veículo de notícias atenda ao centro do espectro político.

“Queremos estar no negócio da verdade. Queremos estar no negócio dos fatos. Realmente queremos olhar para os 70% do país que se definem como de centro-esquerda a centro-direita e garantir que seja um espaço que possa ser fiel ao legado que estamos herdando, e vamos investir nisso.”

Brian Stelter da CNN contribuiu para esta reportagem.

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