Vladimir Putin está aumentando suas exigências para um possível acordo de paz com a Ucrânia, tornando as negociações ainda mais complexas.
Em recente reunião no Kremlin, representantes dos Estados Unidos passaram cinco horas discutindo com o líder russo sem conseguir avançar em uma solução para o conflito.
Américo Martins, analista sênior de Internacional da CNN Brasil, destacou no videocast Fora da Ordem que há quatro fatores principais que levam Putin a endurecer sua posição.
“Em primeiro lugar, o conflito continua apenas no território da Ucrânia. Então, o povo que está cansado dessa guerra é o povo ucraniano, ele [Putin] está contando com isso, não é o povo russo”, afirma.
Martins ressalta que, embora os russos também enfrentem consequências econômicas, a pressão maior recai sobre os ucranianos.
O segundo fator é a percepção de Putin de que está vencendo o conflito. Apesar do custo elevado em vidas e recursos para a Rússia, essa progressão territorial, ainda que lenta, é interpretada pelo líder russo como uma vitória.
O terceiro elemento que fortalece a posição do líder russo é o recente escândalo de corrupção na Ucrânia, que resultou na demissão do chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky.
Segundo Martins, Putin acredita que isso enfraquecerá o governo ucraniano, facilitando suas pretensões territoriais.
Por fim, o quarto fator é a aposta russa nas divisões entre os aliados ocidentais, com foco na relação entre Estados Unidos e Europa”, explica o analista.
Putin rejeita proposta europeia
Américo Martins analisa ainda que o plano de paz proposto pelos europeus, considerado mais equilibrado e atento aos interesses ucranianos, foi rejeitado por Putin, que demonstrou preferência pela proposta americana, mais próxima de suas exigências.
Uma das demandas russas que os ucranianos consideram inaceitável é a retirada de suas tropas de territórios que ainda controlam nas províncias que a Rússia pretende anexar.
“Não estamos falando nem só do território que já está ocupado, estamos falando em querer ocupar mais ainda”, destaca o analista.