Lideranças do Centrão estão apostando na desistência do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) da candidatura presidencial para as eleições de 2026. Análise é de Edilene Lopes no Hora H.
Segundo a analista de Política da CNN, o senador teria vinculado sua possível desistência à aprovação de um projeto de anistia na Câmara dos Deputados, especialmente para beneficiar seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não há qualquer sinal de que ela vai caminhar, e ele não tem nada a oferecer”, avalia Lopes.
Para o Centrão e parte da direita, incluindo membros do próprio PL, Flávio Bolsonaro não seria o nome mais competitivo para 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é visto como candidato com maior potencial eleitoral. Outro nome forte seria o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que apresentaria vantagens estratégicas importantes.
Vantagens de Michelle e Tarcísio
“Flávio colocou seu passe muito alto, não consegue pagar esta conta, e nem aglutinar aqueles que são de centro ou os próprios membros do partido”, destaca a analista.
De acordo com Edilene Lopes, Michelle Bolsonaro teria maior capilaridade entre o público feminino, segmento que demonstra certa antipatia pelo clã Bolsonaro, principalmente pelo ex-presidente. A ex-primeira-dama também tem forte entrada entre os religiosos, sendo considerada uma conservadora que abrangeria não apenas o público evangélico, mas também o católico.
Outro ponto destacado é que Michelle não é vista como uma figura radical, o que poderia atrair eleitores de centro. Já Tarcísio de Freitas é considerado o nome mais competitivo da direita para enfrentar uma eventual candidatura do atual governo.
O relator do projeto de anistia, deputado Paulinho da Força, já afirmou publicamente que “Bolsonaro está fora da jogada“, sinalizando que qualquer proposta de redução de penas para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro não incluiria o ex-presidente.
O temor do Centrão, segundo a analista, é que ao colocar em votação o projeto de dosimetria das penas, o PL possa destacar uma emenda do senador Marcelo Crivella que incluiria a anistia ampla, constrangendo parlamentares a se posicionarem sobre o tema sensível. Por essa razão, líderes partidários preferem não pautar o assunto, protegendo seus parlamentares de um possível desgaste político.