AL: três policiais são denunciados por homicídio qualificado de adolescente

Três policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público de Alagoas (MPAL) pela morte de Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, ocorrida no dia 3 de maio de 2025, em Palmeira dos Índios, no Agreste alagoano. A vítima conduzia uma motocicleta e fugia de abordagem policial quando foi atingida por disparo.

De acordo com o MPAL, os militares foram responsabilizados por homicídio qualificado, na modalidade dolo eventual, e fraude processual. O entendimento do órgão foi baseado em laudos periciais da Polícia Científica e depoimentos de testemunhas. Os exames mostraram que Gabriel Lincoln jamais teria condições de manusear uma arma, desmentindo a versão de que teria disparado contra os policiais.

Além disso, a perícia em revólver apresentado pela guarnição apontou dois perfis genéticos, nenhum deles pertencente à vítima, confirmando que Gabriel Lincoln não teve contato com a arma. Testemunhas também relataram que apenas um disparo foi ouvido no momento do fato.

“O cenário probatório revela que o policial agiu impelido por dolo eventual, pois atuou conscientemente de que poderia ocasionar o resultado morte. Mesmo atirando em direção à vítima, sem a suposta intenção de matá-la, ao apertar o gatilho sabia que poderia atingi-la fatalmente e, mesmo assim, concluiu sua ação, então não há como tratarmos esse crime como culposo, ainda mais quando a vítima estava desarmada, sem esboçar injusta agressão contra a guarnição. Além disso, verificamos a ocorrência da prática do crime de fraude processual, pois os policiais buscaram plantar a existência de uma arma de fogo, como se tivesse sido utilizada pela vítima, para justificar uma possível legítima defesa. Todavia, o laudo afirma, categoricamente, que diante das limitações de equilíbrio, pelo seu porte físico, uso de mochilas e capacete, a vítima não teria a mínima condição técnica, tampouco física ou operacional para sacar e disparar arma de fogo enquanto pilotava a motocicleta. Por tantas evidências, pormenorizadas cientificamente, o Ministério Público entendeu por denunciar os militares pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual, para que possam ser responsabilizados por suas condutas de forma individualizada”, afirma o promotor de Justiça João Sá de Bomfim Filho.

Segundo a denúncia, o sargento que disparou contra Gabriel Lincoln responderá por homicídio qualificado e fraude processual, enquanto os outros dois policiais, ocupantes da viatura, foram denunciados por fraude processual em concurso de pessoas.

O MPAL também destacou comportamentos posteriores à ocorrência, como omissões, tentativas de ajustar versões e manipular a cadeia de custódia, além de relatos de frases proferidas pela guarnição, que reforçam a configuração do dolo eventual.

Como medida complementar, o Ministério Público solicitou a fixação de valor mínimo de indenização à família da vítima e o afastamento cautelar dos militares de suas funções públicas, entre outras medidas cautelares.

A Secretária de Estado da Pública de Alagoas foi procurada pela CNN, mas não se pronunciou.

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