A advogada Tonia Andrea Inocentini Galleti afirmou nesta segunda-feira (20) que alertou autoridades, desde 2019, sobre possíveis descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas. Em depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS, ela afirmou que temia a condenação de “entidades honestas”.
Tonia Galleti integrou o CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) e disse ter feito denúncias ao colegiado em 2023. Ela atua como assessora jurídica do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), uma das entidades investigadas por possíveis fraudes, e é filha de João Batista Inocentini, um dos fundadores e ex-presidente do sindicato.
“Quando fiz a denúncia no CNPS, em 2023, e já vinha desde 2019 falando isso para todas as autoridades, onde tinha a oportunidade ia lá e falava, a minha fala seguinte, além do problema, era a seguinte: todas as entidades que são honestas vão ser colocadas no mesmo balaio de picaretas. E é isso que está acontecendo”, declarou.
Segundo ela, os congressistas estariam “matando o mensageiro” ao atribuir a ela ganhos indevidos e que isso seria um desestímulo para que a população faça denúncias em casos semelhantes. “Vocês tiram do cidadão a coragem de denunciar a corrupção”, afirmou.
Questionada sobre ter conhecimento de irregularidades antes de investigações formais, ela afirmou que soube do caso a partir de reclamações de associados ao Sindnapi. “Tudo começou com os sócios reclamando. Não do sindicato. Os sócios reclamando que estavam sendo abordados por outras entidades”, disse.
Sobre a relação com o ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi, a advogada negou ser “amiga pessoal” do ex-chefe da pasta.
Ela disse que após ter feito alertas sobre irregularidades a Lupi, “algumas medidas” teriam sido adotadas, como a abertura de procedimentos para investigar entidades, pedidos à Polícia Federal e ao TCU (Tribunal de Contas da União). “Eles foram fazendo algumas coisas, talvez não o suficiente, ao que parece, mas fizeram”, declarou.
Recursos recebidos
Tonia Galleti negou ter recebido recursos irregulares e disse ter uma “vida compatível” com seu Imposto de Renda. Ela também ressaltou que atua como prestadora de serviços do Sindnapi e que não é uma empregada do sindicato.
“O advogado trabalha e recebe. Os 17 mil processos não são meia dúzia. Então, se os senhores fizerem qualquer busca no mercado, esses valores ainda foram muito negociados, porque poderiam ser muito maiores”, disse.
Sobre o envolvimento de familiares em empresas ligadas ao Sindnapi, ela afirmou que em todos os casos houve uma relação de trabalho e prestação de serviços. “Não se trata de crime, porque tem trabalho. Nesse recheio entre contrato de prestação de serviço e nota fiscal emitida e valor recebido, tem muito trabalho”, justificou.
Na reunião da CPMI, o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que quase R$ 11 milhões em repasses, nos últimos anos, estariam ligado a Tonia Galleti considerando valores a companhias de parentes da advogada, que incluiriam serviços de escritório de advocacia, empresas de gestão e empresas de tecnologia.
“O sindicato não é de mentira, o sindicato não comete fraude, eu não cometi fraude, o meu pai não cometeu fraude, nenhuma dessas pessoas que o senhor está citando, porque a gente trabalhou, e eu tenho provas robustas”, disse a advogada ao relator.