O acompanhamento psicológico e médico é fundamental para profissionais de segurança que atuam em operações de risco, segundo análise do psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Barros. A constatação vem após a megaoperação contra o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, na zona Norte do Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes.
A exposição contínua ao risco de vida e a necessidade de tomar decisões extremas podem afetar significativamente a saúde mental desses profissionais. “Mesmo quando você se justifica racionalmente por uma ação necessária, emocionalmente você está vendo alguém morrendo, e mais do que isso, pela sua ação”, explica Barros.
Impactos do estresse pós-traumático
O especialista alerta que a exposição prolongada a situações de tensão pode desencadear quadros graves de estresse pós-traumático. Nestes casos, o profissional pode desenvolver um estado de vigilância constante, com dificuldades para relaxar e dormir, além de sonhos recorrentes com as situações traumáticas.
O cenário de tensão não afeta apenas os policiais, mas se estende também a suas famílias, que convivem com a constante preocupação sobre a segurança de seus entes queridos durante as operações. A adrenalina e o medo precisam ser administrados de forma que não comprometam o desempenho profissional.
O psiquiatra ressalta ainda que outros profissionais que lidam indiretamente com situações de violência, como jornalistas que cobrem ocorrências policiais, também podem desenvolver quadros de ansiedade e estresse. A exposição continuada a imagens e relatos de violência pode impactar significativamente a saúde mental desses trabalhadores.