Dados de emprego divulgados nesta terça-feira (30) mostraram leituras distintas do Brasil.
Os dados do mercado geralmente saem em intervalos de poucos dias, e não raro mostram resultados distintos.
A pesquisa feita pelo IBGE é bem mais ampla e traz informações relacionadas ao emprego informal, o que o Caged não consegue alcançar, já que se refere somente aos registros de contratações com carteira assinada enviadas pelas empresas.
Economistas ouvidos pelo CNN Money analisam o momento do mercado de trabalho brasileiro e efeitos que melhoram os números da taxa de desemprego, enquanto a geração de vagas formais cai.
Mauricio Nakahodo, professor de economia da ESEG, aponta para uma desaceleração na criação de empregos com carteira assinada, o que, segundo ele, “reflete o movimento da taxa de juros em patamar restritivo”.
“Apesar destes dados terem vindo abaixo de alguns meses atrás, ainda é algo normal em um momento de baixa taxa de desemprego”, complementa.
O professor ressalta que outro fator que colabora para a baixa taxa de desemprego é o crescimento de outras modalidades de trabalho além das formais, como os contratos em modelo de Pessoa Jurídica, motoristas de aplicativo e entregadores de delivery, por exemplo.
Política fiscal e resistência aos juros
O desemprego visto pelo IBGE em mínimas históricas também reflete aumento da massa de renda e à queda da informalidade no país, afirma economistas, em uma combinação de efeitos sazonais e da adoção de políticas públicas com incentivos fiscais.
“Percebemos que apesar da taxa de juros alta, a economia está mais estruturada, resiliente e resistente à política monetária. Isso se explica muito pela política fiscal, que vem apoiando o aumento do nível de atividade e ocupação”, explica Cristina Helena Pinto, professora de economia da PUC-SP.
Na mesma linha, Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, destaca que os estímulos de políticas públicas sustentam tanto o aumento do nível da renda, quanto o baixo desemprego.
Para ela, a combinação dos fatores é o principal pilar capaz de sustentar a sequência de recordes de baixo desemprego. Isso porque a redução da parcela da população desocupada impulsiona a demanda por serviços e outras atividades que empregam mão de obra, como comércio e serviços.
“Temos o consumo das famílias aquecido, ainda resiliente. A gente tem percebido expansões menos acentuadas, devido aos efeitos da política monetária, mas a atividade ainda segue bastante resiliente”, explica.
Os números representam um ciclo de expansão: a queda do desemprego acontece em um cenário de maior crescimento econômico.
A população conta com uma maior massa salarial, o que proporciona maior poder de compra, incentiva diferentes setores da economia e — em um retorno ao início do ciclo — gera ainda mais empregos.
Efeito sazonal
Para Renan Pieri, professor de economia da FGV, este ciclo se intensifica ainda mais agora: no final do ano.
“O segundo semestre do ano é bastante positivo para a economia. Tem as grandes datas do varejo, como a Black Friday e o natal, então isso também contribui para essa nova mínima histórica”, afirma.
Helena Pinto, professora de economia da PUC-SP, concorda que a sazonalidade tem efeito direto nestes números.
“Existe um aumento do nível de atividade que também pode estar ancorado ao aumento das expectativas para esse fim de ano, o que fez com que aumentasse o nível de contratação.”
Repercussão no Planalto
Nas redes sociais, o presidente Lula comemorou o resultado. Em uma publicação no X — o antigo Twitter — ele afirmou que “enquanto 2025 não acaba, seguimos batendo recordes.”
E destacou que espera que o próximo ano seja “de ainda mais prosperidade e oportunidades para o povo brasileiro.”