Negociadores da Ucrânia e dos EUA discutem acordo de paz no dia de Natal

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky teve uma conversa “muito boa” com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e com o genro do presidente Donald Trump, Jared Kushner, no dia de Natal, enquanto as negociações sobre os termos de um possível acordo de paz continuavam.

“Agradeço a eles pela abordagem construtiva, pelo trabalho intenso e pelas amáveis ​​palavras e votos de Natal ao povo ucraniano”, disse Zelensky em comunicado.

Os dois lados discutiram “certos detalhes substanciais” sobre as negociações de paz em curso e a conversa gerou “algumas novas ideias sobre como alcançar uma paz verdadeira”, disse Zelensky.

O líder ucraniano foi acompanhado na chamada por outros diplomatas, incluindo o secretário do Conselho de Defesa, Rustem Umerov.

Umerov terá novas conversas com Kushner e Witkoff ainda nesta quinta-feira (25), disse Zelensky.

“Acreditamos que esta é a abordagem correta – não perder um único dia ou uma única oportunidade que possa nos aproximar do resultado. Que a conversa de hoje seja mais um passo rumo à paz”, disse ele.

Em uma coletiva de imprensa realizada em Moscou na manhã desta quinta-feira (25), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, observou que há um progresso “lento, mas constante” sendo feito no processo de negociação entre a Rússia e os EUA.

Ela prosseguiu acusando a União Europeia de manter o seu compromisso de “agravar o conflito e prolongar as hostilidades”.

Em seu discurso de Natal, o Papa Leão XIV também fez um apelo pela paz na Ucrânia.

“Que cesse o clamor das armas e que as partes envolvidas, com o apoio e o compromisso da comunidade internacional, encontrem a coragem para se engajarem em um diálogo sincero, direto e respeitoso”, disse o líder religioso.

Os esforços de paz do governo Trump têm apresentado avanços graduais nas últimas semanas.

Durante o fim de semana, uma delegação ucraniana liderada por Umerov e o enviado do Kremlin, Kirill Dmitriev, reuniram-se separadamente com seus homólogos americanos em conversas que Witkoff descreveu como “construtivas e produtivas”.

Na terça-feira, Zelensky apresentou novos detalhes sobre um plano de 20 pontos que ele descreveu como “um documento fundamental para o fim da guerra, um documento político entre nós, os Estados Unidos, a Europa e os russos”.

O presidente ucraniano também discutiu detalhes específicos das garantias de segurança entre a Ucrânia, os Estados Unidos e os países europeus, que constituiriam uma parte crucial de qualquer acordo de paz com a Rússia.

O plano envolveria a retirada das tropas ucranianas de áreas da região de Donetsk, disse Zelensky.

Posteriormente, a Rússia precisaria retirar suas forças de maneira equivalente ao terreno cedido pelas tropas ucranianas, estabelecendo efetivamente uma zona desmilitarizada em torno de algumas das linhas de frente atuais.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia está “atualmente analisando os materiais” da proposta.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Ucrânia precisa ceder efetivamente toda a região de Donetsk para que um plano de paz funcione.

“Preferimos fazer isso, e eliminar as causas profundas do conflito, por meio da diplomacia”, disse Putin na reunião anual do Ministério da Defesa russo.

“Se o país adversário e seus aliados estrangeiros se recusarem a dialogar de forma substancial, a Rússia conquistará a libertação de seus territórios históricos por meios militares”, acrescentou.

Trump afirmou que o fim da guerra na Ucrânia está mais próximo do que nunca, mas um acordo oficial que seja aceitável para ambos os lados ainda não se concretizou.

As trocas diplomáticas ocorreram enquanto a Rússia continua a lançar ataques letais contra alvos ucranianos.

A campanha mais recente teve como foco Odessa, a principal cidade portuária da Ucrânia, localizada junto ao Mar Negro.

Incêndio em instalação de energia na região de Odessa após ataque de drone russo, diz Ucrânia • Reprodução/Serviço Estatal de Mergência da Ucrãnia na região de Odessa
Incêndio em instalação de energia na região de Odessa após ataque de drone russo, diz Ucrânia • Reprodução/Serviço Estatal de Mergência da Ucrãnia na região de Odessa

Os ataques de Moscou causaram cortes de energia na cidade e arredores, além de danos à infraestrutura portuária e a embarcações civis.

Na terça-feira, a Rússia lançou um de seus maiores ataques aéreos contra a Ucrânia neste mês, matando pelo menos três pessoas e ferindo pelo menos outras 17.

Segundo as forças armadas da Ucrânia, as tropas de Kiev recuaram da cidade de Siversk, no leste do país, devido às “operações ofensivas ativas” das forças russas.

Por sua vez, os serviços de segurança ucranianos intensificaram as operações com drones e de sabotagem contra aeronaves de combate e submarinos russos neste mês, realizando ataques com drones de longo alcance contra aeródromos russos na Crimeia ocupada e no sul da Rússia.

Às vésperas do Natal, Zelensky afirmou que as forças armadas de Kiev estão em alerta para possíveis ataques e pediu aos serviços de inteligência da Ucrânia que “intensifiquem significativamente seu trabalho”.

“Entendemos que precisamente nesses dias eles podem — isso é da natureza deles — realizar ataques massivos no Natal”, publicou Zelensky no X. Ele acrescentou que as autoridades realizaram uma reunião sobre a defesa de localidades ucranianas, especialmente entre 23 e 25 de dezembro.

Entretanto, um general russo foi morto em um atentado com carro-bomba em Moscou esta semana, e as autoridades apontam o dedo para a Ucrânia como responsável pelo mais recente aparente assassinato de um oficial militar de alta patente.

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