O Paraguai assume a presidência rotativa do Mercosul neste sábado (20) e deu seu recado sobre o acordo junto à União Europeia: tem “disposição construtiva” para dar continuidade ao diálogo e tentativa de assinar o tratado, mas o tempo para que isso aconteça “não é infinito”.
“O Mercosul tem sido paciente e silencioso, aguardando o pleno cumprimento do que foi acordado. Reconheço o trabalho da presidência brasileira no diálogo fluido e contínuo com as autoridades e parlamentares, mas, ao mesmo tempo, queremos enfatizar que não há prazo infinito para se chegar a um acordo”, afirmou Ramírez Lezcano, o ministro de Relações Exteriores do Paraguai no encontro de chanceleres da Cúpula do Mercosul, na sexta-feira (19).
A assinatura do acordo estava prevista para este sábado, mas acabou sendo barrada por Itália e França, especialmente por preocupações com a agricultura local. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirma que pode convencer a classe até janeiro, o que permitiria fechar o tratado no início de 2026.
Ao falar sobre sua disposição para continuar negociando, Lezcano se disse confiante de que “os mecanismos de salvaguarda serão abordados e aplicados de forma compatível com o que foi negociado e acordado”.
O Parlamento Europeu e o Conselho Europeu (que reúne os chefes de Estado da UE) chegaram a um acordo para estabelecer proteções ao seu agro na regulamentação do acordo. Basicamente, o bloco poderá suspender o acesso preferencial do Mercosul para alguns produtos em caso de queda de preços ou aumento das importações em 8% em um período de três anos.
Na reunião, os demais ministros também repercutiram o impasse. Mario Lubetkin, chanceler uruguaio, expressou “decepção por não podermos assinar o acordo neste sábado”.
“O Uruguai aguardará a conclusão dos procedimentos internos da União Europeia para que a Presidência Pro Tempore do Paraguai possa definir os passos concretos para a assinatura desejada”, afirmou.
O chanceler argentino disse que o país espera finalizar a assinatura do acordo “o mais breve possível” e defendeu que o adiamento seja uma “oportunidade para o Mercosul refletir sobre suas prioridades em termos de relações externas e de avançar em direção a esquemas bilaterais mais ágeis, orientados para a obtenção de resultados concretos”.