A Eve Air Mobility, empresa controlada pela Embraer dedicada ao desenvolvimento de soluções de Mobilidade Aérea Urbana, realizou com sucesso o primeiro voo do protótipo em escala real do seu carro voador, ou melhor eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical).
O teste ocorreu na unidade da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, e marca o início oficial da campanha de ensaios em voo do projeto, considerado estratégico para a aviação urbana no Brasil e no exterior.
O voo inaugural teve caráter técnico e não tripulado, sem o acompanhamento da imprensa. Segundo a Eve Air, o teste serviu para avaliar os controles fly-by-wire de quinta geração, o sistema de propulsão elétrica e o funcionamento dos oito rotores dedicados exclusivamente ao voo vertical.
A Eve planeja realizar centenas de voos ao longo de 2026. A estratégia prevê a ampliação gradual do “envelope de voo”, que são os limites operacionais de uma aeronave. O grande objetivo é fazer a transição do modo vertical para o voo sustentado pelas asas. O processo será conduzido em conjunto com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com interações com órgãos internacionais como a FAA, nos Estados Unidos, e a EASA, na Europa.
A Embraer fará seis protótipos certificáveis para de testes em voo, com foco em requisitos de segurança, confiabilidade e desempenho operacional. O objetivo da companhia é obter o certificado de tipo e iniciar as primeiras entregas comerciais em 2027, mesmo ano em que pretende dar início às operações regulares.
Demanda por carro voador
De acordo com projeções da Eve, a frota global de eVTOLs pode alcançar cerca de 30 mil unidades até 2045, com potencial para transportar mais de 3 bilhões de passageiros nesse período.
A estimativa é que o mercado envolvendo a venda e a operação dessas aeronaves gere receitas da ordem de US$ 280 bilhões nas próximas décadas. Durante o Salão do Automóvel de São Paulo, a chinesa GAC apresentou um carro voador, o Govy AirCab. No país natal, o modelo vai custar o equivalente a R$ 1,3 milhão e chega no final de 2025.
O eVTOL da Eve foi projetado para transportar até cinco ocupantes, sendo quatro passageiros e um piloto, com autonomia estimada em cerca de 100 quilômetros. A proposta é atender deslocamentos urbanos e regionais de curta distância, como conexões entre centros financeiros, aeroportos e áreas metropolitanas. Atualmente, a empresa acumula aproximadamente 3 mil encomendas do modelo, o que reforça o interesse do mercado nesse tipo de solução.
A produção em série está prevista para ocorrer em Taubaté, no interior paulista, onde a planta industrial terá capacidade inicial para fabricar até 480 unidades por ano. O projeto também conta com apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que recentemente concedeu um financiamento de R$ 200 milhões para apoiar a fase de integração dos sistemas elétricos e a campanha de certificação.