O risco de um novo shutdown governamental nos Estados Unidos é real e preocupa analistas políticos.
O acordo que pôs fim ao mais longo shutdown da história norte-americana é válido apenas até 30 de janeiro de 2026, e as negociações entre democratas e republicanos para estender programas de benefícios na área de saúde não estão progredindo.
Segundo Thiago de Aragão, da Arko Advice Internacional, o fim do shutdown de 43 dias ocorreu porque os democratas confiaram na promessa dos republicanos de que voltariam a negociar a extensão dos programas de saúde antes do prazo final.
“Os republicanos se comprometeram com isso, só que essa conversa não vem acontecendo”, afirma.
O cenário político mostra-se ainda mais complexo devido às eleições parlamentares do próximo ano.
“Existe uma preocupação muito grande entre os republicanos por conta da eleição que vai acontecer no ano que vem. Essa eleição parlamentar pode virar a carga da maioria na Câmara dos Deputados para os democratas”, explica Aragão.
Pressão política e impasse
Os democratas mantêm posição firme e ameaçam não aprovar a continuidade do pacote orçamentário caso os republicanos não se sentem à mesa para finalizar o acordo sobre os benefícios de saúde. Enquanto isso, parlamentares republicanos tentam adiar ao máximo essas negociações.
Um fator complicador é a influência de Trump sobre os parlamentares republicanos. “O grande problema é que Trump ainda é o principal formador de opinião entre os republicanos”, observa Aragão.
Segundo ele, muitos parlamentares temem discordar publicamente de Trump, mesmo quando reconhecem a necessidade de evitar um novo shutdown, pois isso poderia prejudicar suas chances eleitorais.
Esse impasse coloca os parlamentares republicanos em uma situação delicada, divididos entre a preocupação com a inflação e o risco de um novo shutdown, e o receio de contrariar Trump e sofrer consequências políticas nas próximas eleições.