Os principais pontos do negócio de US$ 72 bilhões entre Netflix e Warner

Esta é uma história de Davi contra Golias — com uma reviravolta. Há quase exatamente 15 anos, o proprietário da Warner Bros. e HBO desprezou a empolgação de Hollywood e Wall Street sobre uma nova empresa de streaming chamada Netflix.

A declaração de Jeff Bewkes ao The New York Times em 2010 tornou-se infame: “É mais ou menos como perguntar se o exército albanês vai dominar o mundo? Acho que não.”

Bem, como disse o analista Rich Greenfield, da LightShed Partners, na sexta-feira (5), “o exército albanês acabou de dominar o mundo.”

Aqui está o que você precisa saber sobre o acordo de US$ 72 bilhões da Netflix para comprar a Warner Bros. e HBO.

Qual é o acordo?

A Warner Bros. Discovery, proprietária da CNN, está avançando com seus planos de se dividir em duas empresas de capital aberto.

Quando a divisão entrar em vigor, provavelmente no próximo verão, a Netflix pretende adquirir a parte da Warner. A outra metade, Discovery Global, abrigará a CNN e outros canais.

A Netflix, já líder do streaming, afirma que “esta aquisição melhorará nossa oferta e acelerará nossos negócios nas próximas décadas.”

Mas primeiro, a Netflix precisa convencer governos ao redor do mundo a aprovar o acordo. O processo de revisão regulatória levará muito tempo – nos EUA, UE e em outros lugares.

Como isso mudará minha experiência de streaming?

A maioria das pessoas que tem o serviço de streaming HBO Max também possui Netflix. Ainda não está claro o que acontecerá com o HBO Max, mas o histórico sugere que ele será incorporado ao serviço da Netflix de uma forma ou de outra.

A Netflix afirma que “ao adicionar as extensas bibliotecas de filmes e programas de TV e a programação da HBO e HBO Max, os assinantes da Netflix terão ainda mais títulos de alta qualidade para escolher.”

Alguns legisladores e especialistas em regulamentação já estão expressando preocupação de que a Netflix repassará custos mais altos aos consumidores.

Como chegamos até aqui?

A Warner Bros. Discovery colocou-se à venda há alguns meses, após a Paramount fazer ofertas não solicitadas pela empresa inteira. Em seguida, Netflix e Comcast surgiram como concorrentes na disputa pelos ativos de estúdio e streaming.

A Paramount era considerada a favorita no leilão. Os aliados do CEO da Paramount, David Ellison, demonstravam confiança em sua proposta de fusão — e em seu relacionamento mutuamente benéfico com o presidente Donald Trump.

Mas as coisas claramente mudaram nos últimos dias.

A carta da Paramount de 3 de dezembro ao conselho da WBD expressando “sérias preocupações” sobre o processo de leilão foi um possível precursor de uma tentativa de aquisição hostil.

Oficialmente, a Paramount não está comentando sobre o acordo com a Netflix. Extraoficialmente, a empresa está planejando como contra-atacar.

O que acontece agora?

Cada mega acordo como este passa por um minucioso escrutínio. Este, provavelmente, ainda mais.

Na sexta-feira, a CNBC citou um alto funcionário anônimo da administração dizendo que o governo Trump está vendo o acordo com “forte ceticismo”.

Os planos da Netflix podem ficar paralisados por meses, e até anos, em Washington, DC, seja por aliados de Trump cumprindo seus desejos ou por burocratas com objeções genuínas à consolidação da mídia.

Trump pode tornar o processo mais doloroso, mas ele não tem poder de veto direto. Vale lembrar quando o Departamento de Justiça, em 2017, processou para impedir a aquisição da Time Warner pela AT&T? As empresas lutaram o caso na justiça e venceram.

A Netflix parece disposta a enfrentar uma batalha legal semelhante. Ou, no mínimo, disposta a seguir com o processo — e manter a Warner Bros. fora do alcance da Paramount e da Comcast por um bom tempo.

De fato, a intervenção do governo Trump em 2017 teve o efeito de desacelerar a HBO em um momento em que ela precisava desesperadamente acelerar sua competição com a Netflix.

Além disso: os EUA são apenas um dos muitos mercados que examinarão a transação detalhadamente.

Reguladores europeus também terão muito a dizer.

O que a Netflix dirá aos reguladores?

A Netflix argumentará que não é realmente um gigante, não em um ambiente de Big Tech composto por players como Google e Amazon.

A Netflix vê o YouTube do Google como um rival principal pela atenção atualmente, e por bom motivo, considerando que a audiência do YouTube tem crescido a passos largos.

“Com o Google aumentando cada vez mais sua presença no mercado, este acordo pode servir como uma manobra estratégica de bloqueio e proteção”, destacou Melissa Otto, chefe de pesquisa da S&P Global Visible Alpha.

A Netflix também alegará que está criando “mais oportunidades para a comunidade criativa”, embora muitos em Hollywood não acreditem nisso.

De forma mais prática, pessoas ligadas à Netflix podem argumentar que uma maior consolidação do setor é inevitável, dado os hábitos mutáveis dos consumidores e a transformação dos modelos de negócios das empresas tradicionais de mídia.

O que isso significa para a CNN?

A WBD está seguindo adiante com seu plano de separação, o que significa que a CNN se tornará parte de uma nova empresa chamada Discovery Global no próximo ano.

Canais como TNT, Discovery e canais abertos em toda a Europa também farão parte da Discovery Global. E operarão separadamente da Warner Bros., que é a parte que a Netflix pretende comprar.

“Continuaremos trabalhando com o futuro CEO da Discovery Global, Gunnar Wiedenfels, e o resto de sua equipe para garantir que a nova empresa tenha um ótimo começo”, disse o CEO da CNN, Mark Thompson, em um memorando na sexta-feira.

Thompson disse que tanto o CEO da WBD, David Zaslav, quanto Wiedenfels “são firmes apoiadores” da estratégia da CNN, incluindo o recente lançamento do serviço de assinatura CNN All Access.

“Já concordamos com um orçamento para 2026 que inclui maior investimento para o plano”, afirmou Thompson.

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