Câmara dos EUA divulga fotos e vídeos da ilha particular de Jeffrey Epstein

Nesta quarta-feira (3), os deputados democratas do Comitê de Supervisão da Câmara dos EUA divulgaram fotos e vídeos de uma ilha particular no Caribe que pertenceu a Jeffrey Epstein, lançando nova luz sobre o que antes era o epicentro dos abusos cometidos pelo falecido criminoso sexual contra meninas e mulheres jovens durante décadas.

As imagens e vídeos mostram vários quartos, banheiros e o que parece ser uma cadeira de dentista em um cômodo com máscaras na parede, além de um telefone fixo com nomes escritos nos botões de discagem rápida, incluindo “Darren”, “Rich”, “Mike”, “Patrick” e “Larry”.

Uma foto parece mostrar um escritório com uma lousa: nele estão rabiscadas palavras como “poder”, “engano”, “conspirações” e “político”.

Diversos vídeos mostram os jardins opulentos de uma casa que lembra um resort de luxo, com piscina, palmeiras e um caminho sinuoso com vista para o oceano.

Um assessor do comitê democrata disse à CNN que as fotos e vídeos divulgados nesta quarta-feira nunca haviam sido tornados públicos antes e foram todos tirados na Ilha Little St. James, nas Ilhas Virgens Americanas.

Há várias partes censuradas nas fotos do telefone e da lousa – o assessor disse que os nomes de quaisquer mulheres foram omitidos por precaução.

A divulgação ocorre logo após o presidente Donald Trump sancionar uma lei que obriga o Departamento de Justiça a liberar os documentos relacionados a Epstein que estão em sua posse.

A divulgação desses chamados “Arquivos Epstein” é muito aguardada e pode acontecer em questão de dias.

“Estas novas imagens oferecem um olhar perturbador sobre o mundo de Jeffrey Epstein e sua ilha. Estamos divulgando essas fotos e vídeos para garantir a transparência pública em nossa investigação e para ajudar a reconstruir o quadro completo dos crimes horríveis de Epstein”, disse o deputado Robert Garcia, líder democrata no comitê, em um comunicado.

As Ilhas Virgens Americanas têm sido, há muito tempo, de grande interesse para os investigadores que apuram as décadas de abusos cometidos por Epstein.

Epstein era proprietário privado da Ilha Little St. James — por vezes apelidada de “Little St. Jeff’s” — e da Ilha Great St. James.

Epstein frequentava suas casas nessas ilhas e frequentemente convidava muitos de seus amigos e conhecidos ricos e influentes. Essas ilhas particulares permitiram que Epstein operasse sua rede de tráfico sexual por anos, longe dos olhos do público.

Virginia Giuffre, uma das vítimas mais notórias de Epstein, escreveu em suas memórias póstumas, por exemplo, que foi em uma das ilhas — quando ela tinha 18 anos — que Epstein “me traficou para um homem que me estuprou com mais selvageria do que qualquer outro antes”.

“Ele me estrangulou repetidamente até que eu perdesse a consciência e sentiu prazer em me ver temer pela minha vida. Horrivelmente, o primeiro-ministro riu enquanto me machucava e ficou ainda mais excitado quando eu implorei para que ele parasse”, escreveu ela sobre Epstein e um líder mundial não identificado.

Virginia Giuffre do lado de fora de um tribunal federal em Nova York em 2019 • Jeenah Moon/Bloomberg/Getty Images via CNN Newsource
Virginia Giuffre do lado de fora de um tribunal federal em Nova York em 2019 • Jeenah Moon/Bloomberg/Getty Images via CNN Newsource

Ambas as ilhas foram compradas pelo investidor bilionário Stephen Deckoff em 2023. Deckoff não respondeu aos pedidos de comentários da CNN sobre as ilhas.

No mês passado, o Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes solicitou ao procurador-geral das Ilhas Virgens Americanas, Gordon Rhea, um conjunto de documentos para investigar mais a fundo a vida de Epstein nas duas ilhas privadas, onde ele supostamente teria usado suas relações pessoais e comerciais para negociar isenções fiscais vantajosas e até mesmo subornar autoridades policiais locais, de acordo com a carta do comitê.

O comitê quer saber mais sobre a ação policial movida pelas Ilhas Virgens Americanas contra Epstein em 2020 e os subsequentes acordos que somam milhões de dólares.

“O Comitê acredita que os documentos relacionados ao Sr. Epstein, seu patrimônio e o litígio nas Ilhas Virgens Americanas auxiliarão na investigação em andamento sobre o Sr. Epstein, a Sra. Maxwell e a investigação do governo federal sobre ambos”, afirmou o presidente do comitê, o deputado republicano James Comer, em sua carta de intimação.

O Comitê de Supervisão da Câmara está atualmente analisando a possibilidade de expandir sua investigação sobre Epstein e está buscando novos alvos.

Além de solicitar um lote de documentos ao procurador-geral das Ilhas Virgínias, nos EUA, o comitê também recebeu aproximadamente 5.000 documentos em resposta às intimações emitidas ao JP Morgan Chase e ao Deutsche Bank para obter os registros financeiros de Epstein, disse um porta-voz do comitê à CNN.

Os republicanos acreditam que as finanças de Epstein fornecerão uma nova e valiosa fonte de informações.

“A maioria está analisando esses materiais e os tornará públicos em breve, assim como o Comitê já fez com as mais de 65.000 páginas produzidas durante esta investigação”, disse o porta-voz à CNN.

O porta-voz também criticou os democratas por divulgarem a pequena amostra de fotos e vídeos nesta quarta-feira. “É estranho que os democratas estejam mais uma vez divulgando informações seletivas, como já fizeram antes”, acrescentou o porta-voz.

O painel já divulgou dezenas de milhares de documentos, e-mails e comunicações recebidos do espólio de Epstein, que continuam a abrir novas linhas de investigação.

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