O Congresso Nacional derrubou, nesta quinta-feira (27), 52 vetos presidenciais à Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Segundo Carlos Pereira, cientista político e professor da FGV, durante sua participação no WW, a derrubada evidencia uma série de problemas na gestão política do presidente Lula (PT). “O governo está colhendo o que plantou”, afirmou o especialista.
Pereira explica que a coalizão formada pelo governo é extensa e heterogênea, sem uma distribuição adequada de poder e recursos. Com isso, uma série de desgastes sucessivos e problemas de coordenação são gerados, resultando em sucessivas derrotas para o Planalto.
“Essas derrotas são consequências de uma coalização Frankenstein”, explica.
A situação se complica ainda mais com a saída de dois parceiros relevantes da base aliada, deixando o governo em posição minoritária. Soma-se a isso o enfrentamento com as presidências da Câmara e do Senado, que controlam a agenda legislativa.
O especialista relembra que o cenário político se torna ainda mais complexo devido ao calendário eleitoral. Segundo ele, as lideranças do Congresso, que não devem apoiar a atual gestão nas próximas eleições, aproveitam momentos de desgaste do Executivo para diminuir a competitividade eleitoral do atual presidente.
Como resultado dessa conjuntura, o governo atual enfrenta um número surpreendente de derrotas no Legislativo. “Isso se reflete nas escolhas estratégicas ao longo do mandato, o que faz Lula (PT) ter mais derrotas [no Legislativo] do que ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)”, conclui.