A cantora e atriz Priscilla, 29, comemora 20 anos de carreira vivendo um momento inédito: sua estreia no teatro musical como Nessarose, na montagem brasileira de “Wicked”, sucesso na Broadway. A artista conta à CNN que o desejo de atuar em musicais vinha de longa data — e que a oportunidade surgiu no momento exato.
“Agora que deu tudo certo, eu realmente entendi que esse era o momento. Quando é para acontecer, acontece”, disse ela. Nessarose também é conhecida na indústria pop como Bruxa Má do Leste, a que é atingida pela casa de Dorothy nas produções de “Wicked” e “O Mágico de Oz”.
O convite veio após a produção abrir espaço para artistas convidados em temporadas especiais. Inspirada pela participação da artista Gloria Groove (como Madame Morrible), uma amiga próxima, Priscilla soube imediatamente que queria entrar para o universo de Oz. “Quando me convidaram, eu falei: ‘Ai, quero também’. Foi paixão ao primeiro ensaio”, lembra.
Segundo ela, o elenco a recebeu com entusiasmo: “Eles me fizeram me sentir muito à vontade, muito confiante.”
As trocas com Luisa Bresser, 19, intérprete fixa da personagem no teatro brasileiro, também foram essenciais para a imersão. Mais do que dicas técnicas, foram conversas sobre camadas emocionais que a ajudaram a encontrar sua própria versão de Nessarose.
O estudo vocal também exigiu uma nova sensibilidade artística. “Você tem que misturar muito a intenção daquela emoção com falas, com canto. Não é só uma voz bonita, tem que ser a voz bonita com a intenção exata”, explica. A dinâmica da personagem, que passa de inocência a potência e projeção vocal no segundo ato, foi um desafio especial: “Ela vai de 8 a 80. A voz tem que acompanhar isso.”
Interpretar, ainda, uma personagem que utiliza cadeira de rodas trouxe outra camada de preparação.
“Foi um baita desafio desenvolver esse trabalho corporal… entender como a minha movimentação iria funcionar no palco”, diz. Com ajuda do time, Priscilla aprendeu as marcações, entradas e saídas específicas que exigem precisão.
Uma Nessarose própria
A direçã, segundo a atriz, deixou claro desde o início que eles queriam a Nessarose de Priscilla. “Me deram essa liberdade de construir a Nessa com aquilo que eu sinto dela”, afirma.
Ela quer entregar ao público uma Nessa que carrega, ao mesmo tempo, força, vilania e humanidade, aprofundando empatia. “Às vezes as pessoas julgam a Nessa só pela personalidade… mas ninguém acorda vilã. Eu quis entender o que aconteceu na vida dela que levou àquelas atitudes”, explica. “Quero trazer essa vilania, mas também a vulnerabilidade, para lembrar que ela é humana.”
Priscilla admite que a estreia traz aquele frio na barriga, mas no melhor sentido. “Eu só não quero errar a marcação de palco”, brinca. O resto, diz ela, está leve. A energia coletiva do musical, inclusive, foi uma das maiores surpresas positivas de sua trajetória: “Isso faz você ter uma humildade de estar sempre servindo ao teatro, à arte.”
Após “Wicked”, Priscilla prepara um novo álbum e promete se abrir a possibilidades inéditas. “Depois de 20 anos de carreira, meu eu artista está pedindo coisas novas. Eu estou muito atenta a tudo o que há de novo e que faz sentido para minha vida, eu quero viver novos desafios. Quero viver novos desafios.”
A artista fica em cartaz com “Wicked” até dia 30 de novembro.