Refinaria de grupo Refit, alvo de megaoperação em SP, já estava interditada

A refinaria da empresa Refit, alvo da megaoperação interestadual contra um esquema bilionário de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, já estava interditada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Segundo a Receita Federal, a empresa já havia sido alvo da operação Cadeia de Carbono, que aconteceu em setembro deste ano, quando a refinaria foi interditada após a identificação de inconformidades operacionais e suspeita de importação irregular de combustíveis.

À época da ação, um porta-voz da Receita Federal afirmou que havia “fortes indícios de que existe um grupo que atua de forma fraudulenta para praticar importação e distribuição de combustíveis”.

Com a decisão, a empresa precisou cessar toda atividade relacionada aos tanques interditados e aos produtos apreendidos, não podendo movimentá-los ou misturá-los a outros fluxos até que seja expressamente autorizada pela ANP.

Ainda à época da interdição, a Refit disse que recebeu a notícia da suspensão com “surpresa e indignação”.

“Apesar de todos os esclarecimentos prestados… durante o processo de inspeção feita pelos fiscais, a administração da companhia não teve acesso às condicionantes estabelecidas pela ANP para a retomada regular das operações”, disse a empresa.

Operação Poço de Lobato

Operação Poço de Lobato, deflagrada nesta quinta-feira (27), mirou o Grupo Refit, classificado pela Receita Federal como o maior devedor de impostos do país, com débitos fiscais superiores a R$ 26 bilhões, tendo movimentado mais de R$ 70 bilhões em um ano por meio de complexas operações financeiras.

As fraudes permeiam toda a cadeia, desde a importação de combustíveis com falsa declaração de conteúdo até a evasão reiterada de tributos em distribuidoras e postos vinculados à organização.

Segundo o MPSP (Ministério Público de São Paulo), mais de 621 agentes de segurança pública cumprem 126 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Maranhão.

A ação é resultado de uma investigação existente no âmbito do CIRA-SP (Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos) em parceria com a Receita Federal e a Procuradoria da Fazenda Nacional para apurar a existência de organização criminosa formada por sócios, diretores, administradores e outros integrantes de empresas supostamente envolvidas com fraude fiscal estruturada de ICMS.

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CNN Brasil apurou que a fraude superou o prejuízo de R$ 9 bilhões apenas ao estado de São Paulo, entres os anos 2007 e 2024.

Os auditores da Receita também identificaram que o grupo movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano, utilizando empresas próprias, fundos de investimento e offshores — incluindo uma exportadora fora do Brasil — para ocultar e blindar lucros.

O órgão federal apontou ainda a organização como uma “devedora contumaz”, que se aplica a quem deixa de pagar tributos de forma reiterada e deliberada, acumulando dívidas que não decorrem de atrasos pontuais, mas de uma prática contínua de descumprimento das obrigações fiscais.

CNN Brasil tenta contato com o Grupo Refit para um posicionamento. O espaço segue aberto.

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