Há espaço para corte de juros no curto prazo, diz Campos Neto

O ex-presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse, em evento com líderes empresariais, na França, nesta quinta-feira (27), que há espaço para um corte da taxa de juros do Brasil em um “futuro próximo”.

“A gente acredita que em algum momento vai abrir espaço. Algum momento no futuro recente, no futuro próximo, vai abrir espaço para uma queda de juros”, disse.

A fala foi feita durante o evento LIDE Brasil França Fórum, que reuniu empresários e autoridades para debater cooperação bilateral, oportunidades de investimento e o fortalecimento das relações econômicas entre Brasil e França.

Segundo o ex-BC, apesar da oportunidade para corte de juros, é necessário trabalhar a questão fiscal para a Selic reduzir a um dígito.

“Para ter uma queda de juros que faça diferença em termos de produtividade e de planejamento de longo prazo, a gente precisaria ter um juro no Brasil de um dígito. E para ter um os juros no Brasil de um dígito, a gente vai precisar trabalhar fortemente em um choque positivo na área fiscal.”

Campos neto reforçou que a inflação brasileira “tem melhorado na margem”, e elogiou a atuação da atual gestão do Banco Central, porém alertou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ainda segue bem acima da meta oficial.

Em outubro, o IPCA foi para 0,09%, atingindo o menor patamar em 27 anos para o mês. No acumulado de 12 meses, a inflação teve alta de 4,68%, se mantendo acima do intervalo da meta do Banco Central, que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

Sobre a atividade econômica brasileira, o ex-BC comentou que a perspectiva é que haja uma desaceleração no terceiro trimestre. Além disso, Campos Neto disse que o desemprego está muito baixo, porém há um medo de que isso gere uma pressão inflacionária no Brasil.

Desafios globais

Referente à economia global, Campos Neto listou os desafios atuais, como a fraqueza nas instituições dos países, insegurança e endividamento. Segundo ele, há “uma nova ordem global”, que deve ser enfrentada.

“Há uma grande polarização política, adicionando o tema da importância das redes sociais, tem gerado uma erosão na instituição em grande parte dos países. Isso eleva o custo do dinheiro, a insegurança, que, no final das contas, eleva também o prêmio de risco dos países.”

Além disso, segundo o ex-BC e atual vice-chairman global de políticas públicas do Nubank, há uma desarmonia entre a política monetária e fiscal ao redor do mundo.

“Temos pela primeira vez uma dissonância entre a política monetária e fiscal em vários países do mundo. Em grande parte do mundo, não fomos capazes de reverter os programas de incentivo da pandemia, mas em alguns lugares a gente vê os juros caindo, mas ainda com a política fiscal expansiva”

“Tem um grande esquema de política de transferência, que não retroagiram desde a pandemia. E como o mundo está muito mais endividado, temos por consequência um grande aumento dos impostos, que estão concentrados em capital”, disse.

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