O presidente Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira (27) a criação de um novo serviço militar voluntário para jovens, a ser iniciado em meados de 2026, que ajudaria a França a responder às “ameaças crescentes” no cenário global.
A medida faz parte de uma mudança mais ampla em toda a Europa, onde as nações que há muito tempo desfrutam da tranquilidade de décadas proporcionada pelas garantias de segurança dos Estados Unidos estão se preocupando com a mudança de prioridades do presidente Donald Trump e com a postura agressiva da Rússia.
“A França não pode permanecer inativa”, afirmou Macron durante um discurso na 27ª Brigada de Infantaria de Montanha em Varces, nos Alpes franceses.
Segundo presidente, o plano foi “inspirado pelas práticas de nossos parceiros europeus (…) em um momento em que todos os nossos aliados europeus avançam em resposta a uma ameaça que pesa sobre todos nós.”
Macron disse que o esquema voluntário será aberto a jovens de 18 e 19 anos, que serão pagos, e terá duração de 10 meses. O custo será de 2 bilhões de euros (US$ 2,32 bilhões), o que ele chamou de “um esforço significativo e necessário”.
O esquema prevê o engajamento de três mil pessoas em 2026, que só servirão em solo francês, aumentando para dez mil em 2030.
“Minha ambição para a França é atingir 50 mil jovens até 2036, dependendo da evolução das ameaças”, declarou Macron.
Após o programa, os participantes poderão se integrar à vida civil, tornar-se reservistas ou permanecer nas Forças Armadas, afirmou ele.
O anúncio de Macron coloca a França em sintonia com quase uma dúzia de outras nações europeias, como Alemanha e Dinamarca, que lançaram projetos semelhantes.
Alistamento obrigatório não voltará
Macron declarou que a eliminação do serviço nacional obrigatório pelo ex-presidente Jacques Chirac em 1996 estava correta, acrescentando que o alistamento não faz sentido para as necessidades atuais da França.
“Não podemos voltar à época do alistamento”, afirmou Macron. “Esse modelo de exército híbrido corresponde às ameaças e aos riscos futuros, reunindo jovens do serviço nacional, reservistas e o exército ativo.”
A França pretende garantir 100 mil reservistas até 2030, informaram assessores de Macron, em comparação com cerca de 47 mil atualmente. Sua força militar total seria então de cerca de 210 mil até 2030.
Antes do anúncio de Macron, seus assessores apontaram dados de pesquisas que sugerem um alto apoio às Forças Armadas entre jovens de 18 a 25 anos.