Eurovision: após resultado polêmico de Israel, regulamento prevê sanções

Os organizadores do Festival Eurovision anunciaram na sexta-feira (21) mudanças nas regras de votação para evitar a interferência estatal após controvérsia envolvendo a participação de Israel neste ano.

As novas regras da União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) desencorajam governos e terceiros de “promover desproporcionalmente” canções para influenciar eleitores — e determinam que, caso contrário, pode haver sanções.

Na edição deste ano, a israelense Yuval Raphael, uma sobrevivente do ataque de 7 de outubro de 2023 do grupo militante palestino Hamas, ficou em segundo lugar geral. Mas questionamentos nas mídias sociais levantaram preocupações sobre a transparência do sistema de votação, tema revisitado pelo vencedor, o austríaco JJ.

Para críticos, a participação de Israel foi injustamente impulsionada por promoção estatal e a votação múltipla de indivíduos para o mesmo concorrente contrariou o espírito da competição, que ocorre desde 1956.

Israel não comentou as acusações, mas frequentemente afirma que há uma campanha global de difamação contra si desde o início da guerra em Gaza, após o ataque do Hamas. A missão permanente israelense em Genebra não respondeu a um pedido de comentário da Reuters.

O diretor do Eurovision, Martin Green, disse que a organização está tomando medidas para garantir que a competição continue a ser uma celebração da música e da unidade.

“O festival deve permanecer um espaço neutro e não deve ser instrumentalizado”, disse ele em um comunicado.

De acordo com as novas regras, um júri profissional ampliado será reintroduzido na semifinal e terá cerca de 50% dos votos. A outra metade continuará a ser uma votação pública.

Os membros do público terão agora um máximo de 10 votos, em vez de 20.

“Os fãs serão ativamente incentivados a compartilhar seu apoio com vários participantes”, declarou a EBU.

Membros da EBU se reunirão em dezembro para discutir a participação israelense, antes da 70ª edição, em maio, na Áustria.

Cinco países — Holanda, Eslovênia, Islândia, Irlanda e Espanha — querem que Israel seja excluído devido ao número de civis palestinos mortos durante a ofensiva israelense em Gaza.

Israel nega ter como alvo os civis em Gaza e diz que está sendo injustamente demonizado no exterior.

De acordo com o canal Euronews, uma dúzia de membros do Parlamento Europeu solicitou a divulgação dos dados da votação do concurso Eurovisão deste ano, sob temores de manipulação após emissoras nacionais expressarem preocupação semelhante.

Publicações e fotos da conta de Israel no X, administrada pelo Ministério das Relações Exteriores israelense em 15 de maio — dia em que Israel competiu na semifinal do Eurovisão deste ano — incentivavam as pessoas a votar em Raphael, acrescentando que “você pode votar até 20 vezes”.

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