Os Estados Unidos classificaram o Cartel de los Soles, da Venezuela, como uma organização terrorista nesta segunda-feira (24), gerando preocupações sobre possíveis impactos na segurança regional, incluindo o Brasil. Durante o CNN Prime Time, o analista Lourival Sant’Anna explicou como surgiu o nome “Cartel de los Soles”, de forma irônica, e não como uma estrutura organizada.
A designação é contestada por diversos especialistas e governos. Analistas independentes, incluindo pesquisadores do InSight Crime baseados em Caracas, afirmam que o Cartel de los Soles não existe como uma estrutura organizada tradicional.
Origem e estrutura do suposto cartel
O nome “Cartel de los Soles” surgiu nos anos 90, antes da era Hugo Chávez, quando militares venezuelanos foram acusados de envolvimento com o narcotráfico. A denominação faz referência aos símbolos solares presentes nas insígnias militares venezuelanas, sendo inicialmente usado de forma irônica pela imprensa.
Diferentemente de organizações criminosas estabelecidas como o Tren de Aragua (Venezuela) ou o Cartel de Sinaloa (México), o Cartel de Los Soles não possui uma estrutura hierárquica definida. O envolvimento de membros das forças bolivarianas com o narcotráfico intensificou-se em meados dos anos 2000, mas sem constituir uma organização formal.
Implicações para a segurança regional
A classificação como organização terrorista pelos Estados Unidos gera preocupações significativas. Esta designação pode ser utilizada como justificativa para possíveis intervenções militares americanas contra alvos estratégicos na Venezuela, sob o pretexto de combate ao terrorismo.
A situação representa um alerta para o Brasil e outros países da região, demonstrando os riscos potenciais de classificar organizações criminosas como grupos terroristas, especialmente considerando as implicações geopolíticas e de segurança que tal designação pode acarretar.