Israel realizou um ataque aéreo em um subúrbio no sul de Beirute no domingo (23), visando um alto oficial do grupo militante Hezbollah, apesar do cessar-fogo entre as duas partes mediado pelos Estados Unidos há um ano.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o ataque, o primeiro em Beirute em meses, teve como alvo o chefe de staff do grupo libanês alinhado ao Irã. Uma fonte israelense informada sobre o ataque e uma fonte libanesa disseram que o alvo era Ali Tabtabai, do Hezbollah.
Os Estados Unidos impuseram sanções a Tabtabai em 2016, identificando-o como um líder chave do Hezbollah e oferecendo uma recompensa de até US$ 5 milhões por informações sobre ele.
Pelo menos quatro pessoas foram mortas no ataque, que também deixou duas dúzias de feridos, que foram levados a hospitais próximos, segundo fontes médicas. Não houve comentário imediato por parte do Hezbollah.
Segundo a mídia israelense, Tabtabai foi morto.
Ataque atinge a principal estrada no subúrbio de Haret Hreik
Após o ataque, o presidente libanês Joseph Aoun pediu à comunidade internacional que intervisse para interromper os ataques israelenses e evitar um agravamento ainda maior da situação de segurança.
Israel tem realizado ataques quase diários no Líbano desde o cessar-fogo, visando o que afirma serem depósitos de armas do Hezbollah, esforços do grupo para se reconstituir e combatentes individuais. No entanto, ataques direcionados a altos oficiais, como Tabtabai, têm sido raros desde que o cessar-fogo entrou em vigor em novembro de 2024.
O ataque atingiu uma estrada principal no subúrbio de Haret Hreik, onde moradores disseram à Reuters que ouviram o rugido de aviões de guerra antes da explosão.
As pessoas correram para fora dos seus prédios de apartamentos, com medo de que houvesse novos ataques, relatou um repórter da Reuters no local.
Israel diz que não permitirá que o Hezbollah se reconstitua
“Israel continua insistindo na plena aplicação dos acordos de cessar-fogo com o Líbano, enquanto toma medidas para garantir nossa segurança”, disse a porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, a repórteres após o ataque.
“Não permitiremos que o Hezbollah, a organização terrorista, se recupere e reconstrua sua força para ameaçar Israel de qualquer lugar dentro do Líbano.”
Questionada se Israel havia notificado os EUA antes de realizar o ataque, Bedrosian afirmou que Israel age de forma independente.
Nos últimos dois anos, Israel matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, grande parte da liderança militar sênior do grupo e cerca de 5.000 de seus combatentes. Israel afirmou que os ataques foram necessários para se proteger dos ataques do Hezbollah.
O grupo militante acusou Israel, ao longo do último ano, de violar repetidamente o cessar-fogo mediado pelos EUA.
Sob o cessar-fogo, o Hezbollah é obrigado a encerrar sua presença militar na região da fronteira sul próxima a Israel, e o exército israelense deveria se retirar do Líbano.
Israel, cujos soldados ainda ocupam cinco postos no sul do Líbano, acusa o Hezbollah de tentar se reorganizar lá. O Hezbollah afirmou que está cumprindo o cessar-fogo e não atirou em Israel desde o início do acordo.
Em novembro, Israel intensificou os ataques aéreos no sul do Líbano, pressionando uma campanha de ataques quase diários, que diz ter o objetivo de impedir um renascimento militar do Hezbollah na área da fronteira.