Lula: Só haverá transição energética justa se o G20 liderar o caminho

Em discurso na Cúpula do G20, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu que “só haverá transição energética justa se o G20 liderar o caminho”.

Em paralelo às últimas discussões da COP30, em Belém, Lula acenou aos acordos firmados na Cúpula do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), ressaltando que o evento reforçou o alinhamento para promover a proteção social, apoiar pequenos produtores e garantir alternativas sustentáveis no mundo.

“Esta oportuna sessão ocorre no mesmo tempo em que estamos por duas palavras de concluirmos as negociações da COP30 no Brasil. No ano em que o planeta ultrapassou pela primeira vez – e talvez de forma permanente – o limite de um grau e meio acima dos níveis pré-industriais, a comunidade internacional tinha diante de si uma escolha: continuar ou desistir. Optamos pela primeira alternativa”, disse Lula.

“Na COP da verdade, a ciência prevaleceu. O multilateralismo venceu. Reafirmamos nosso compromisso com o Acordo de Paris. Saímos de Belém com um quadro renovado de Contribuições Nacionalmente Determinadas. Mobilizamos a sociedade civil, a academia, o setor privado, os povos indígenas e os movimentos sociais, para fazer da COP30 a COP com a segunda maior participação da história”, ressaltou.

O presidente afirmou que o mundo agora entra em uma nova etapa, que exigirá esforço em duas frentes: de acelerar as ações para enfrentamento às mudanças climáticas ao mesmo tempo que se prepara para uma nova realidade de clima.

Lula defendeu que “o G20 cumpre papel central em ambas”.

“O grupo responde por 77% das emissões globais. É do G20 que um novo modelo de economia deve emergir. O grupo é um ator-chave na elaboração de um mapa do caminho para afastar o mundo dos combustíveis fósseis”, pontuou.

“A COP30 mostrou que o mundo precisa enfrentar esse debate. A semente dessa proposta foi plantada e irá frutificar mais cedo ou mais tarde. A mudança do clima não é uma simples questão de política ambiental. É, sobretudo, um desafio de planejamento econômico.”

O acordo desenhado na COP30, no que tange o financiamento, reforça objetivo de levantar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para países em desenvolvimento. O texto reconhece a necessidade de aumentar recursos públicos, concessões e financiamento altamente concessionário para adaptação.

Em seu discurso no G20, Lula questionou o fato de um montante ainda maior ser consumido pelos países com despesas militares.

Desse modo, indagou que as mudanças climáticas vão colocar a resiliência da infraestrutura à prova.

“Para cada dólar investido em adaptação, ganham-se quatro dólares em prejuízos evitados e outros benefícios sociais e econômicos. Mas um mundo resiliente não se faz apenas com infraestrutura. Quando alguém é atingido por um evento extremo, são as políticas públicas do Estado que o ajudam a se reerguer”, afirmou.

“Contudo, cerca de metade da população mundial não conta com proteção social. Quase 700 milhões de pessoas ainda sofrem com a fome. Vai contra nosso sentido mais elementar de justiça permitir que as maiores vítimas da crise climática sejam aquelas que menos contribuíram para causá-la.”

O presidente encerrou o discurso citando Nelson Mandela, ex-presidente e líder político da África do Sul, onde o G20 é sediado neste ano.

“Tudo parece impossível até que seja feito. A hora de fazer é agora.”

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