Como projeto antirracista está transformando escola da periferia de SP

A Escola Estadual República Argentina, localizada no bairro Parque Nações Unidas, zona norte de São Paulo, é considerada modelo de educação antirracista sob a gestão da vice-diretora Vania Alves.  

Mulher preta, apaixonada por educação e ciência, Vania reforça, nos últimos dois anos, o compromisso diário de enfrentar o racismo no ambiente escolar e na sociedade desde a criação do projeto Ubuntu. 

Sua prática pedagógica é profundamente organizada no acolhimento, na reflexão sobre discriminação racial, desigualdades, identidade e pertencimento, buscando continuamente a igualdade e justiça social. “O combate ao racismo exige preparo consciente e é uma responsabilidade coletiva,” afirma Vania, que promove formações contínuas com os docentes para garantir essa preparação. 

Projeto Ubuntu: “Eu Sou Porque Nós Somos” 

O coração dessa mobilização é o Projeto Ubuntu — “eu sou porque nós somos”. A vice-diretora explica que o enfrentamento ao racismo não é uma luta individual, mas sim “um caminho que precisa ser percorrido junto com a comunidade,” envolvendo, por isso, todo o corpo escolar. 

educação antirracista • Divulgação
educação antirracista • Divulgação

O projeto é voltado para garantir uma educação focada nas relações étnico-raciais e no exercício da cidadania para os estudantes, que são majoritariamente pretos e pardos. O objetivo é fortalecer a identidade, a autoestima e o empoderamento desses jovens. 

Ancestralidade em sala de aula 

A existência do Projeto Ubuntu tradicionalmente celebra a ancestralidade por meio da apresentação de poesias, poemas e o estudo de religiões de matrizes africanas, um conteúdo garantido pela Lei 10.639/2003. Os estudantes também exploram danças como o maracatu e a prática da capoeira, descrita como “um dos maiores símbolos de resistência e identidade cultural.” A pauta do colorismo é abordada por meio de fotografias que valorizam o empoderamento, complementadas pelas oficinas de abayomi e tranças, que fortalecem o afeto. 

Para o ano letivo atual, o projeto se desdobra em um ciclo intensivo de oficinas com horário pré-estabelecido, mobilizando os professores em diferentes espaços temáticos: 

  • Oficina de Abayomis e tranças 
  • Bendita poesia preta (contação e declamação de poesia) 
  • Corpo em movimento (ritmos e dança) 
  • Sala de matrizes africanas (religião e combate à intolerância religiosa) 
  • Letramento racial (“Entendo a lei”) 
  • A vida em um livro (“Escrevivência”) 

Após o período de atividades, as oficinas resultarão em apresentações para todos os estudantes, consolidando o aprendizado. 

Assim, Vania e toda a comunidade da Escola Estadual República Argentina se tornam protagonistas na construção de uma educação antirracista, seguindo firmes porque “acreditam no poder transformador da escola, da coletividade e da consciência racial.” 

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