A Câmara dos Deputados aprovou o PL (projeto de lei) Antifacção na noite desta terça-feira (18). O texto é descrito pelo presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), como a principal medida de enfrentamento ao crime organizado já discutida no Parlamento.
O tal PL é a reação direta da classe política – tanto governo como oposição – à megaoperação no Rio contra o CV (Comando Vermelho). Na verdade, reação à reação detectada por pesquisas de opinião na população brasileira, que por larga maioria apoiou a megaoperação.
Por isso mesmo, a reação nasceu com os defeitos que posturas desse tipo costumam produzir, tendendo a dar algum tipo de satisfação instantânea ao anseio popular por mais segurança pública, um anseio que levou décadas de ineficiência do Estado no combate ao crime organizado para atingir o ponto explosivo em que se encontra hoje.
Esse tipo de reação instantânea trouxe, como não poderia ser diferente, todos os malefícios da polarização política, especialmente, o empenho da grande maioria dos participantes em obter vantagens político-eleitorais diante de um assunto de tal importância para a população.
Conforme dez em dez participantes diretos do combate ao crime organizado afirmam, “esse enfrentamento não se ganha de um dia para o outro”, muito menos com qualquer texto legal, por melhor que seja redigido.
Além disso, não se ganha se não houver um esforço coletivo genuíno, por cima agora das facções políticas, diante do estado calamitoso trazido pela expansão do crime organizado e seu vasto domínio territorial em cidades e na Amazônia.
Talvez a principal ajuda no combate ao crime aconteça se o PL Antifacção criar essa consciência.