O músico Jards Macalé, morreu aos 82 anos nesta segunda-feira (17). A morte foi confirmada nas redes sociais do cantor.
O carioca foi um dos grandes nomes do movimento Tropicália, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Ainda não há detalhes sobre sua morte.
Quem foi Jards Macalé
Macalé nasceu Jards Anet da Silva no Rio de Janeiro em março de 1943, no bairro da Tijuca. Seu cotidiano era rodeado de música, com seus próprios pais ouvindo batuques de samba, foxes, valsas, modinhas tocadas ao piano pela mãe, Lígia, que cantava, e pelo seu pai no acordeom. Sua família se mudou para o bairro de Ipanema onde ele cresceu e ganhou o apelido que “Macalé”, que levaria para o resto da vida – nome inspirado em Tião Macalé, jogador do Botafogo que fazia uma campanha desastrosa no Botafogo na época. Jards ganhou o título por não ser um jogador talentoso no seu grupo de futebol.
Ainda muito jovem mergulhou nos estudos de violoncelo, violão, análise musical, piano e orquestração – estes dois últimos com o maestro Guerra Peixe. No início dos anos 1960 ele começou a ganhar notoriedade na música, quando teve sua primeira composição gravada por Elizeth Cardoso. Logo, Macalé passou conquistar espaço na MPB. em 1969, ele atraiu atenção por sua interpretação de “Gotham City” no IV Festival Internacional da Canção.
Seu primeiro disco que carregava seu nome mostrava o que se tornaria uma marca da música de Macalé, uma mistura de rock, jazz, samba, bossa nova em arranjos ousados. Ele também colaborou com grandes nomes da música com suas composições se tornando marcos da música como “Hotel das Estrelas“, “Mal Secreto” e “Vapor Barato“, sendo gravadas por Gal Costa, Maria Bethânia, Clara Nunes e outros artistas. Com a irmã da Caetano, o músico foi parceiro no Grupo Opinião, o que faria Bethânia estourar posteriormente com sua performance de “Carcará”. Ele também é um dos nomes por trás do disco “Transa”, que alçou Caetano Veloso ao sucesso.
Ao longo de uma carreira de mais de seis décadas, Macalé se manteve ativo na música, com mais de dez álbuns de estúdio. Em 2019, o carioca lançou um dos discos mais emblemáticos de sua carreira “Besta Fera”, que seria indicado ao Grammy Latino, e em 2021 repetiria o feito com “Síntese do Lance”. Aos 81 anos, em 2024, estreou “Mascarada“, disco que homenageia o cantor Zé Keti, e “Real Grandeza”, do qual interpretrou composições de Wally Salomão.
Ao comunicarem a morte do artista, sua assessoria revelou que Macalé acordou de uma cirurgia cantando uma música de Gal Costa, pouco antes de morrer. ” Chegou a acordar de uma cirurgia cantando “Meu Nome é Gal”, com toda a energia e bom humor que sempre teve. Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade”, concluía a publicação.