Walter Casagrande, ex-atacante e ídolo do Corinthians, foi o convidado do CNN Esportes S/A deste domingo (16).
Durante o programa, ele avaliou o momento do clube, comentou o impacto das dívidas e defendeu que mudanças estruturais serão decisivas para o futuro do time.
Casagrande reforçou a necessidade de mudanças estruturais.
Se não virar uma SAF, que venha alguém ou alguns que queiram ajudar a pagar a dívida, o Corinthians vai sofrer muito. Um clube que não pode usar a renda enorme que tem, não consegue pagar dívida. Ela só vai aumentar.
Para ele, a quitação da Neo Química Arena é chave.
“Primeiro tem que pagar o estádio. Tem que quitar a arena. Porque a partir do ponto que você quita a arena, boa parte daquela renda vai para o clube”, explicou.
O comentarista afirmou que o clube ainda tem vantagens importantes.
“O Corinthians põe 40.000 quase sempre lá no estádio. A renda do Corinthians é altíssima, só que não vai para o Corinthians. Vai para pagar dívida”, lembrou.
Para Casagrande, a situação financeira é um dos principais pontos de atenção.
Eu vejo muita coisa errada e uma dívida quase que irreversível.
Competitividade esportiva
Casagrande avaliou que o clube precisa mirar títulos maiores.
“O Corinthians não pode comemorar ganhar do Palmeiras. (…) O Corinthians foi campeão paulista em cima do Palmeiras e eliminou o Palmeiras na Copa do Brasil. Mas aí você olha, quem tá na final da Libertadores? Tá o Palmeiras. Quem tá em primeiro lugar? É o Palmeiras”, refletiu.
Ele disse que o time deve pensar além do clássico.
“O Corinthians não tem que trabalhar, se estruturar, treinar, contratar um treinador, contratar jogadores para ganhar do Palmeiras. (…) Tem que disputar os campeonatos principais”, afirmou.
Casagrande completou afirmando que o tamanho do clube exige mais.
O tamanho do Corinthians não é 13º lugar do campeonato e só ganhar do Palmeiras e sair comemorando. Tem que ganhar título importante, porque o Corinthians foi campeão do mundo duas vezes. Queiram ou não queiram, é bicampeão do mundo. E Brasileiros vários, e é o time mais vencedor no Campeonato Paulista. Mas isso é pouco hoje em dia. Isso é pouco. O Corinthians tem que estar lá em cima.
Bastidores polêmicos e SAFIEL
Casagrande afirmou que gestões recentes prejudicaram o Corinthians.
“O Corinthians foi muito usado nas últimas décadas por presidentes que estiveram lá. Todos estão sendo investigados, Ministério Público, uso de cartão corporativo e venda de jogadores muito estranha, compra de jogadores muito estranha, os valores que são feitos os contratos muito estranhos”, analisou.
Ele citou o desequilíbrio entre orçamento e desempenho.
O Corinthians é a terceira folha. Era, pelo menos até pouco tempo atrás, a terceira folha mais cara do futebol brasileiro. E não chega em final de Libertadores, não chega em final de Campeonato Brasileiro, não disputa quase nada, só a Copa do Brasil que ele consegue chegar, ganhou o Paulista.
O comentarista afirmou que a SAFIEL pode ser uma alternativa.
“Eu acho que a solução pode ser a SAFIEL. Eu acredito, conversei com eles, tomei um café com eles, gostei muito das pessoas. Gostei muito do que eles falaram, do que eles querem fazer”, relatou.
Cultura corintiana
Casagrande destacou a importância de preservar a identidade do clube.
Eu acho que o Corinthians usa muito pouco a cultura corintiana. A cultura corintiana é um time que ficou 23 anos sem ganhar um título e a torcida aumentou. É um time que invadiu o Rio de Janeiro no Maracanã, dividiu o Maracanã com o Fluminense. É um time que quebrou o tabu em 77 e o mundo comemorou, São Paulo parou. É um time que teve a Democracia Corintiana. Invadiu o Japão.
O ídolo afirmou que o clube precisa valorizar personagens e memórias.
“Você tem datas importantes que pouco se fala, pouco se comemora, pouco se faz homenagem. Então, eu acho que o Corinthians, além de pagar dívidas, tem que recuperar e dar valor à cultura do Corinthians, à cultura corintiana”, opinou.
Casagrande acredita que a recuperação da história deve estar dentro das prioridades do clube.
Uma das coisas que eu mais quero que o Corinthians faça é que se dedique a recuperar, dar valor aos personagens e à cultura do Corinthians.
Democracia Corintiana
Casagrande lembrou sua participação no movimento.
“Nós fizemos a Democracia Corintiana ainda numa ditadura militar, com todo mundo contra, e batemos o pé, participamos das diretas. Hoje você fala de diretas, não tem como não falar de diretas e não falar que teve jogadores do Corinthians ali naquele palanque”, afirmou.
Segundo ele, essa trajetória faz parte da identidade do clube.
É a marca do Corinthians. Daqui 100 anos, quando forem contar a história das diretas, vão ter quatro jogadores de quem lá? Do Corinthians.
CNN Esportes S/A
Com Walter Casagrande, ídolo do Corinthians e comentarista esportivo, o CNN Esportes S/A chega à 117ª edição. Apresentado por João Vitor Xavier, o programa aborda os bastidores de um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais lucrativos do mundo: o esporte.
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