O presidente dos EUA, Donald Trump, há muito tempo tenta se distanciar de Jeffrey Epstein, o ex-magnata e criminoso que morreu em uma cela em Manhattan em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.
Eles já viajaram juntos em um jato particular, festejaram lado a lado no clube privado de Mar-a-Lago, na Flórida, compareceram aos desfiles da Victoria’s Secret e, segundo relatos, jantaram com integrantes da realeza em uma luxuosa mansão no Upper East Side, em Nova York.
Seus nomes aparecem juntos em registros de voo, processos judiciais, mensagens de texto — e em inúmeras fotos em eventos em Palm Beach e Manhattan.
O líder americano chamou Epstein de “nojento”, afirmando que havia sido encerrado seu relacionamento com o magnata anos antes da sua morte.
No entanto, uma análise abrangente da CNN, que conta com registros judiciais, fotografias, entrevistas e outros documentos públicos, pinta um retrato de um relacionamento duradouro até meados dos anos 2000, quando Trump diz que a relação foi rompida.
O presidente americano minimiza repetidamente a amizade passada com Epstein, mesmo com o surgimento contínuo de novas evidências.
Em uma entrevista de 2019, Epstein se referiu a Trump como seu “amigo mais próximo por 10 anos”.
Essa afirmação foi confirmada por outras três pessoas que conheciam os dois: Maria Farmer, uma das primeiras vítimas de Epstein a falar publicamente; Stacey Williams, ex-modelo que namorou Epstein; e Jack O’Donnell, ex-executivo de cassinos de Trump.
Todos usaram a expressão “melhor amigo” para descrever o vínculo em entrevistas recentes à CNN.
As autoridades policiais nunca acusaram Trump de irregularidades em relação a Epstein. Em uma declaração à CNN, o diretor de comunicação da Casa Branca, Steven Cheung, disse sobre Epstein: “O fato é que o presidente o expulsou de seu clube por ser um canalha”.
Este ano, o Comitê de Supervisão da Câmara começou a divulgar registros do espólio de Epstein relacionados ao seu relacionamento com Trump, e planeja pressionar por mais documentos que possam trazer novas revelações.
Uma linha do tempo das interações de Trump com Epstein e Ghislaine Maxwell, ex-namorada e associada do ex-magnata revela um longo padrão de proximidade social que contrasta fortemente com as tentativas públicas de Trump de minimizar a amizade entre eles.
Veja a linha do tempo entre
1985
Donald Trump compra Mar-a-Lago, uma propriedade à beira-mar na cidade de Palm Beach, na Flórida. A construção é reformada e inaugurada como um clube privado em 1995, dez anos depois.

1987
A relação entre Trump e Jeffrey Epstein começa, segundo o presidente americano, em um perfil do ex-magnata publicado na revista New York Magazine em 2002.
1989
Trump participa de uma festa em um iate chamado “Lady Ghislaine”, de propriedade do bilionário Robert Maxwell. Sua filha, Ghislaine Maxwell, uma socialite britânica, está entre os convidados da festa, de acordo com relatos da imprensa.
Setembro de 1990
Segundo registros imobiliários, Epstein compra uma mansão na cidade de Palm Beach, na Flórida, a cerca de três quilômetros de Mar-a-Lago.
Entre 1991 e 1992
Após a morte de Robert Maxwell, Ghislaine e Epstein iniciaram sua relação pública, de acordo com o The Evening Standard, que o descreveu como “um gestor financeiro nova-iorquino misteriosamente rico”.
Novembro de 1992
Um vídeo da emissora americana NBC, divulgado em 2019, mostra Trump e Epstein em uma festa em Mar-a-Lago com líderes de torcida da equipe de futebol americano Buffalo Bills e outros convidados.
Os dois conversam enquanto observam mulheres na pista de dança. Trump parece dizer a Epstein: “Olha só ela, lá atrás… ela é gata”, enquanto Epstein sorri e acena com a cabeça.
Dezembro de 1992
Segundo a modelo Stacey Williams, em entrevista ao New York Times no ano passado, Epstein compareceu a uma festa de Natal oferecida por Trump no The Plaza Hotel.
Williams contou à CNN em 2025 que começou a namorar Epstein depois dessa festa.
Janeiro de 1993
Trump promove uma festa com “garotas de calendário” em Mar-a-Lago, com apenas dois outros convidados homens: o empresário da Flórida George Houraney e Epstein, segundo o empresário e sua namorada na época, Jill Harth.
Mais tarde, em um processo judicial de 1997, Harth afirmou que, durante um jantar de negócios em Mar-a-Lago, Trump a levou para uma área reservada, a beijou à força, a apalpou e a impediu de sair de um quarto. Trump fez um acordo extrajudicial e negou as acusações.
Ao longo de 1993
Segundo a modelo Stacey Williams, ela e Epstein visitaram Trump na Trump Tower, em Manhattan. Williams contou à CNN este ano que, enquanto estavam do lado de fora do escritório dele, Trump a apalpou. “As mãos dele estavam por todo o meu corpo”, disse ela.
“Estavam nos meus seios. Estavam na minha bunda. Estavam nos meus quadris, para cima e para baixo, enquanto os dois continuavam conversando normalmente”, relatou a modelo.
A campanha de Trump negou em 2024 que isso tenha acontecido e disse ao New York Times que as alegações são “inequivocamente falsas” e têm motivação política.
Williams descreveu Epstein e Trump como “muito próximos” e disse que Trump “era seu irmão… seu parceiro. Era óbvio.”
Ainda em 1993, Trump voou com Epstein e Ghislaine Maxwell no jato particular do ex-magnata quatro vezes: em 23 de abril, 26 de abril, 11 de outubro e 17 de outubro.

Os voos aconteceram entre os aeroportos de Palm Beach, na Flórida, e Teterboro, em Nova Jersey, de acordo com registros divulgados em 2021 durante o julgamento de Maxwell por tráfico sexual.
Já em outubro, Trump e seus filhos, Eric e Ivanka, são fotografados com Epstein na inauguração do Harley Davidson Cafe na cidade de Nova York.
E em dezembro do mesmo ano, Epstein comparece ao casamento de Trump com Marla Maples no The Plaza Hotel, em Nova York.
Maio de 1994
De acordo com os registros de voo, Trump andou duas vezes no jato de Epstein com sua então esposa Marla Trump, sua filha Tiffany Trump e uma babá.
O trajeto foi de Palm Beach, Flórida, para Washington, D.C., e depois com mais uma pessoa de Washington, D.C., para Teterboro, Nova Jersey.

Entre 1994 e 1995
Em um processo movido contra o espólio de Epstein em 2020, uma mulher que o acusou de abuso e exploração sexual afirmou que, quando tinha 14 anos, ele a levou para Mar-a-Lago e a apresentou a Donald Trump, dizendo: “Essa é boa, não é?”.
Trump “sorriu e acenou com a cabeça em concordância”, alega o processo. A ação, que não acusa Trump de nenhum abuso, foi posteriormente arquivada. A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário sobre a alegação.
1995
Maria Farmer, uma artista que trabalhou para Epstein, contou à CNN que Trump certa vez “ficou de pé sobre mim de uma forma muito imponente” do lado de fora do escritório de Epstein.
Farmer afirmou que Epstein então disse a Trump: “Ela não está aqui para você”, e Trump brincou: “Ah, pensei que ela tivesse 16 anos”.
Um porta-voz da Casa Branca negou o relato da artista ao The New York Times, afirmando que “o presidente nunca esteve no escritório dele [Epstein]”. Farmer, que mais tarde acusou Maxwell e Epstein de agressão sexual, também descreveu Trump e Epstein como “melhores amigos”.
Em março de 1995
Epstein é fotografado com outro convidado em uma recepção em Mar-a-Lago.

13 de agosto de 1995
De acordo com os registros de voo de Epstein, Trump e seu filho Eric acompanharam o ex-magnata, Maxwell e outros passageiros em um voo de Palm Beach para Teterboro.
Ainda em 1995
Epstein e Ghislaine Maxwell são fotografados com outras duas convidadas em uma festa em Mar-a-Lago.

5 de janeiro de 1997
De acordo com os registros de voo, Trump viajou com Epstein, Maxwell e outras quatro pessoas de Palm Beach para Newark, Nova Jersey, no jato particular de Epstein.

22 de fevereiro de 1997
Epstein é fotografado com outra convidada em Mar-a-Lago

28 de abril de 1997
Trump é fotografado com uma modelo no evento Victoria’s Secret Angels em Nova York, com Epstein ao fundo.

Outubro de 1997
Segundo o The New York Times, Trump escreveu uma nota pessoal para Epstein dentro de um exemplar de seu livro “Trump: A Arte da Volta por Cima”, que dizia: “Para Jeff — Você é o maior!”.
30 de outubro de 1997
Trump é fotografado com Maxwell em uma festa de aniversário da agência de modelos Ford.

Ainda em 1997
Epstein e Trump são fotografados juntos em Mar-a-Lago.

3 de fevereiro de 1999
Um vídeo mostra Epstein e Trump conversando antes de um desfile da Victoria’s Secret em Nova York. Mais tarde, eles se sentam próximos um do outro na primeira fila.
Abril de 1999
Segundo o New York Post, Trump participa de um jantar na mansão de Epstein no Upper East Side, com Maxwell como anfitriã.
O jornal também afirma que o Príncipe Andrew estava presente. Na mesma página, aparece um anúncio do cassino de Trump em Atlantic City.
Durante a década de 1990
Trump e Epstein aparecem com o cantor e dançarino americano James Brown, possivelmente em Atlantic City, em uma foto publicada pelo New York Times.
Fevereiro de 2000
Segundo o tabloide britânico The Mail on Sunday, o príncipe Andrew e Maxwell viajaram no jato de Trump até Mar-a-Lago.
Ainda no mesmo mês, Trump, Epstein, Maxwell e Melania Knauss — a futura primeira-dama — são fotografados em Mar-a-Lago.

Junho de 2000
Virginia Roberts Giuffre, uma jovem de 16 anos que trabalhava como atendente de SPA em Mar-a-Lago, foi abordada por Maxwell para fazer uma massagem em Epstein em sua mansão.
Giuffre alegou que, nos dois anos seguintes, Maxwell e Epstein a aliciaram e a agrediram sexualmente.
Ela afirmou que eles a forçaram a fazer sexo com outros homens, incluindo o Príncipe Andrew, que negou a acusação e posteriormente fez um acordo extrajudicial em um processo movido por ela contra ele.
Em julho de 2025, Trump declararia à imprensa que parte de seu desentendimento com Epstein se deu porque Epstein “roubou pessoas que trabalhavam para mim” em Mar-a-Lago. Giuffre cometeu suicídio em abril de 2025.

Setembro de 2000
Trump e Maxwell foram fotografados sentados lado a lado na primeira fila de um desfile de moda em Nova York.

31 de outubro de 2000
Segundo relatos da imprensa, Trump e Melania Knauss se juntaram a Maxwell e ao Príncipe Andrew na festa anual de Halloween da supermodelo Heidi Klum.
Dezembro de 2000
Trump e Epstein comparecem a uma festa de aniversário. Melania Knauss e Maxwell também estão presentes, de acordo com relatos da imprensa.
28 de outubro de 2002
Em um perfil de Epstein publicado na revista New York Magazine — “Jeffrey Epstein: O Misterioso Homem das Finanças Internacional” — Trump o descreve como “um cara fantástico”, dizendo que conhece Epstein há 15 anos.
“Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são bem jovens”, disse Trump.
Novembro de 2002
Trump, Ghislaine Maxwell, Melania Knauss e a modelo Naomi Campbell são fotografados na inauguração da loja da Dolce & Gabbana em Nova York.

Janeiro de 2003
Ghislaine Maxwell coleciona cartas de dezenas de amigos de Epstein para criar um álbum de aniversário de 50 anos. Uma das mensagens, segundo o The Wall Street Journal, contém o nome de Trump.
A carta ilustra o desenho de uma mulher nua e uma nota datilografada que termina com a frase: “Feliz aniversário — e que cada dia seja um novo segredo maravilhoso”.
Em julho desse ano, Trump negou ser o autor da carta e processou o Wall Street Journal por difamação.
Março de 2003
Segundo um artigo da revista americana Vanity Fair e uma matéria de fofocas da New York Magazine, Trump compareceu a um jantar na casa de Epstein em Nova York.
2004
Em seu livro de 2004, “Trump: Como Ficar Rico”, o atual presidente americano escreveu sobre ter recebido um telefonema de um homem a quem chamou de “o misterioso Jeffrey”.
15 de novembro de 2004
Epstein tenta, sem sucesso, impedir que Trump participe de um leilão de uma propriedade retomada por falta de pagamento em West Palm Beach. Trump arremata a propriedade com um lance de US$ 41,35 milhões.
Ainda no mês de novembro, segundo blocos de anotações apreendidos na propriedade de Epstein em Palm Beach, Trump deixou duas mensagens para o ex-financista.

Março de 2005
A polícia de Palm Beach abriu uma investigação contra Epstein depois que os pais de uma menina de 14 anos disseram que ele a pagou por uma massagem.
19 de julho de 2006
Um júri popular no condado de Palm Beach indiciou Epstein por um crime estadual de solicitação de prostituição.
Julho de 2007
Os promotores subordinados a Alex Acosta, então procurador federal do Distrito Sul da Flórida, negociaram um acordo com Epstein para que este se declarasse culpado de duas acusações estaduais, cumprisse pena de prisão e se registrasse como agressor sexual.
Em troca, os promotores federais concordaram em encerrar a investigação e assinar um acordo de não persecução penal, concedendo a Epstein e a “quaisquer potenciais cúmplices” imunidade contra futuras acusações federais.
Os promotores também concordaram em não informar as vítimas de Epstein sobre o acordo, que foi mantido em sigilo.
Trump nomearia Acosta como seu Secretário do Trabalho em 2017.
Outubro de 2007
Segundo o livro de 2020, “The Grifter’s Club”, escrito por quatro jornalistas investigativos do Miami Herald e do Wall Street Journal, Epstein foi removido da lista de integrantes de Mar-a-Lago.
Em 2025, Trump afirmou ter rompido seu relacionamento com Epstein depois que ele havia “roubado” funcionários de Mar-a-Lago por volta do ano 2000.
No entanto, o livro relata que Epstein permaneceu como integrante do clube privado por vários anos após esse suposto rompimento e por mais de um ano após ser indiciado por acusações de prostituição no âmbito estadual.
A Organização Trump reconheceu que Epstein frequentou o clube, mas negou que ele fosse integrante, afirmaram os autores.
30 de novembro de 2007
Acosta, o procurador dos EUA responsável pelo caso de Epstein, envia um e-mail ao advogado de defesa do ex-magnata, Kenneth Starr, afirmando: “Estou orientando nossos promotores a não emitirem cartas de notificação às vítimas
30 de junho de 2008
Epstein foi condenado a 18 meses em uma prisão de segurança mínima após se declarar culpado de acusações estaduais de solicitação de prostituição e de solicitação de prostituição com uma menor de idade.
Apesar de Epstein ter se registrado como agressor sexual, o acordo permite que ele saia da prisão todos os dias por 12 horas em regime semiaberto.
22 de julho de 2009
Jeffrey Epstein é libertado da prisão após cumprir 13 meses de pena.
Ainda em 2009
O advogado Brad Edwards, que representa muitas das vítimas de Epstein, disse em uma entrevista em 2018 que Trump lhe forneceu informações úteis em 2009. “Ele foi a única pessoa que atendeu o telefone e disse: ‘Vamos conversar. Vou lhe dar todo o tempo que precisar.
Vou lhe dizer o que você precisa saber.'” Edwards afirmou que Trump “não deu qualquer indício de estar envolvido em qualquer atividade ilícita, mas tinha informações confiáveis que se confirmaram e que nos ajudaram.”
17 de março de 2010
Em um depoimento gravado em vídeo e apresentado no tribunal estadual de Palm Beach, Epstein se recusa a responder a muitas perguntas sobre sua relação com Trump, inclusive quando questionado: “Você já socializou com Donald Trump na presença de mulheres menores de 18 anos?”
Março de 2011
O jornal Mail on Sunday publica o relato de Virginia Giuffre sobre ter sido abusada sexualmente e traficada por Epstein e Maxwell.
A reportagem descreve Epstein como um “gestor de fundos de Wall Street que já teve Bill Clinton e Donald Trump entre seus amigos”. Maxwell e Epstein negam as alegações de Giuffre.
Fevereiro de 2015
Em entrevista à Bloomberg News após a Conferência de Ação Política Conservadora, Trump mencionou Jeffrey Epstein ao atacar Bill Clinton.
“Bem, acho que ele tem um problema… Aquela ilha era um verdadeiro antro de perdição, não há dúvida – basta perguntar ao Príncipe Andrew”, disse Trump, referindo-se a uma ilha particular nas Ilhas Virgens Americanas que pertencia a Epstein.
8 de novembro de 2016
Donald Trump é eleito o 45º presidente dos Estados Unidos.

Ainda em novembro de 2018
O Miami Herald publica uma série de artigos bombásticos apresentando, pela primeira vez, as vítimas de Epstein em depoimentos públicos. Revela detalhes sobre o que o jornal chamou de “o acordo da vida” que Acosta negociou com Epstein em 2007.
Explica como o futuro secretário do Trabalho de Trump ajudou Epstein a evitar grandes consequências, mesmo após uma investigação federal ter identificado 36 vítimas menores de idade.
6 de julho de 2019
Epstein foi preso e acusado pelo Distrito Sul de Nova York de um crime de tráfico sexual de menores e um crime de conspiração para cometer tráfico sexual de menores. Sua fiança foi negada no dia 18 de julho do mesmo ano.
Agentes do FBI, durante buscas em sua mansão em Nova York, encontraram milhares de fotografias de mulheres jovens nuas e seminúas, incluindo pelo menos uma menor de idade, além de pastas com CDs contendo as fotos.

12 de julho de 2019
Em meio à polêmica pública sobre o acordo judicial de 2007 com Epstein, Acosta renuncia ao cargo de secretário do Trabalho de Trump.
23 de julho de 2019
Epstein foi encontrado inconsciente no chão de sua cela em uma prisão federal em Manhattan. O incidente foi descrito pelas autoridades como uma tentativa de suicídio.
9 de agosto de 2019
Centenas de páginas de documentos judiciais foram liberadas de um processo civil movido por Giuffre em um tribunal federal de Nova York, que alega novos detalhes de acusações de abuso sexual contra Epstein e vários associados.
10 de agosto de 2019
Epstein foi encontrado sozinho e inconsciente em sua cela, com uma corda no pescoço. Mais tarde, foi declarado morto por aparente suicídio, segundo o Departamento Penitenciário.
Uma revisão feita pelo gabinete do inspetor-geral do Departamento de Justiça em 2023 não encontrou evidências de que Epstein mantivesse uma suposta “lista de clientes” e concluiu que ele morreu por suicídio.
2 de julho de 2020
Maxwell é acusada em Nova York de conspiração para tráfico de menores, entre outras acusações. Quando Trump é questionado posteriormente sobre a prisão de Maxwell, ele diz: “Sinceramente, só desejo o melhor para ela”.
Entre novembro de dezembro de 2011
O julgamento teve início em um tribunal federal de Nova York com depoimentos de mulheres que afirmaram que Ghislaine Maxwell as recrutou, aliciou e foi cúmplice dos abusos sexuais que sofreram por parte de Epstein.
Em 29 de dezembro, Maxwell foi considerada culpada de cinco acusações federais: tráfico sexual de menores, transporte de menores com a intenção de envolvê-los em atividade sexual criminosa e três acusações relacionadas de conspiração. Ela recorreu da condenação.
28 de junho de 2022
Ghislaine Maxwell foi condenado a 20 anos de prisão federal.

5 de janeiro de 2024
Um conjunto de documentos de um processo civil de 2015 contra Epstein foi liberado por um tribunal.
Eles incluem alegações detalhadas de mulheres que afirmam ter sido abusadas por Epstein, e nomes de muitos amigos e pessoas ligadas a Epstein – incluindo um depoimento de 2009 no qual um funcionário do ex-magnata relata ter jantado com Trump na cozinha da casa de Epstein em Palm Beach.
3 de junho de 2024
Em entrevista à Fox News, Trump prometeu divulgar mais informações dos arquivos de Epstein caso fosse reeleito. Mas acrescentou estar preocupado com a possibilidade de haver “material falso” nos arquivos da investigação governamental.
5 de novembro de 2024
Donald Trump é eleito o 47º presidente dos Estados Unidos.

Fevereiro de 2025
A procuradora-geral Pam Bondi autoriza a divulgação de arquivos desclassificados sobre Epstein, e a Casa Branca distribui pastas com os arquivos para influenciadores de direita, que observam que a maior parte das informações divulgadas já é de domínio público.

Maio de 2025
O Wall Street Journal relata que, em algum momento de maio, Bondi disse a Trump em uma reunião que o nome dele aparece várias vezes nos arquivos de Epstein, inclusive em possíveis casos de boatos não verificados sobre o presidente americano.
Julho de 2025
O Departamento de Justiça divulgou um memorando afirmando que sua revisão não revelou “nenhuma lista de clientes incriminatória” e que Epstein cometeu suicídio enquanto estava sob custódia federal.
A agência se recusou a divulgar mais registros, causando indignação pública.
No dia 16 de julho, em uma publicação no Truth Social, Trump chamou a controvérsia de Epstein de “farsa” e “besteira”.
Ele escreveu que, embora apoie a divulgação de informações “credíveis” e depoimentos “pertinentes” do grande júri, acusou a mídia de se concentrar em notícias antigas.
24 e 25 de julho de 2025
O vice-procurador-geral Todd Blanche, ex-advogado pessoal de Trump, entrevista Ghislaine Maxwell durante dois dias em Tallahassee, na Flórida.
Seis dias após as entrevistas, o Departamento Penitenciário Federal transfere Maxwell, sem explicações, para uma prisão federal de segurança mínima no Texas, apelidada de prisão “clube de campo”. Trump afirma que não sabia da transferência de Maxwell.
8 de setembro de 2025
O Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes divulgou uma série de documentos do espólio de Jeffrey Epstein, incluindo uma coleção de cartas que Epstein recebeu de presente em seu 50º aniversário.
Entre as cartas, havia uma com o nome do presidente americano Donald Trump e um desenho do torso de uma mulher. Trump negou repetidamente ser o autor ou ter assinado a carta e processou o Wall Street Journal, que publicou a reportagem em primeira mão, por difamação.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, escreveu no X que “está muito claro que o presidente Trump não desenhou essa imagem e não a assinou”.

Taylor Budowich, chefe de gabinete adjunto da Casa Branca para comunicações, publicou separadamente imagens com a assinatura do presidente e negou que ele tenha assinado o livro de Epstein.
Os democratas da Comissão da Câmara também mencionaram o que descreveram como outra referência a Trump no livro de aniversários de Epstein, publicando uma página com uma carta e incluindo o que descreveram como uma foto mostrando “Epstein e um convidado de Mar-a-Lago brincando sobre vender uma mulher ‘totalmente depreciada’ para Donald Trump por US$ 22.500”.
O presidente da comissão, o deputado republicano James Comer, criticou duramente os democratas, dizendo que “É revoltante que os democratas da Comissão de Supervisão estejam selecionando documentos a dedo e politizando informações recebidas do espólio de Epstein”.
12 de novembro de 2025
Democratas do Comitê de Supervisão da Câmara divulgaram e-mails nos quais Jeffrey Epstein menciona Trump nominalmente diversas vezes.
Em uma delas, Epstein afirma que o presidente americano passou um tempo considerável com uma mulher que os democratas descreveram como vítima do tráfico sexual de Epstein.
Os democratas obtiveram a correspondência entre Epstein, Maxwell e o autor Michael Wolff após intimarem o espólio do ex-magnata no início deste ano.
Em um e-mail do dia 2 de abril de 2011, Epstein escreveu para Maxwell: “Quero que você perceba que aquele cachorro que não latiu é o Trump… (CENSURADO) passou horas na minha casa com ele.”
Republicanos do comitê identificaram posteriormente a vítima, cujo nome foi omitido, como Virginia Giuffre, que cometeu suicídio em abril.
Os integrantes do Partido Republicano acusaram os democratas de omitir o nome de Giuffre porque ela não acusou publicamente Trump de irregularidades, inclusive em seu livro sobre os abusos de Epstein, “Nobody’s Girl” (A Garota de Ninguém).
Outro e-mail divulgado pelos democratas inclui uma mensagem em que Epstein escreveu que Trump “sabia das garotas”, em uma aparente referência à alegação do líder americano de que expulsou Epstein de seu clube Mar-a-Lago depois de descobrir que o magnata “roubava” jovens mulheres que trabalhavam no clube.
“Trump disse que me pediu para renunciar”, escreveu Epstein, acrescentando: “nunca fiz parte (do clube)… claro que ele sabia das garotas, já que pediu para Ghislaine parar”. A Casa Branca já havia declarado que Trump expulsou Epstein de Mar-a-Lago “por ser um canalha”.
