A prova de língua portuguesa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025, aplicada neste domingo (9), foi considerada “linda” e “muito bem feita” pelo professor Laudemir Guedes Fragoso, do Objetivo.
Durante a live de correção extraoficial transmitida pela CNN Brasil, ele afirmou que o exame não deve ter causado grandes dificuldades para alunos com bom hábito de leitura, repertório cultural e antenados com questões sociais.
Fragoso afirmou que o exame cumpriu sua função social ao abordar temas que precisam ser debatidos, como a cultura afro e indígena, a violência contra a mulher, a riqueza da identidade cultural brasileira e o esporte feminino. “O Enem até cumpre a sua função social.”
O professor também afirmou que a prova manteve o padrão, com questões claras em sua maioria. A prova de artes costumava ser um desafio em anos anteriores, mas neste “não deu dor de cabeça”. Ele aconselhou os estudantes a não desistirem, lembrando que “se foi difícil para você, foi para todo mundo”.
Uma observação do professor foi a presença de um “texto gigantesco”, algo incomum no Enem, que “ocupou uma página inteira”.
Apesar do tamanho, ele disse que as questões eram de fácil resolução, exigindo a compreensão da ideia geral, como a transição “do punho ao pixel” (escrita manual à tecnologia).
Fragoso também enfatizou a importância da pergunta, uma dica crucial para economizar tempo e direcionar a busca pela resposta correta, pois “a resposta já tá aqui”. “Foco no enunciado.”
A prova abordou a responsabilidade social do Enem em diversas questões. Em uma delas, sobre o emprego da norma padrão, o professor justificou seu uso como típico de documentos oficiais e leis, que precisam ter alcance geral, pois “todo mundo precisa entender”.
Em outra questão, sobre a “língua de santo”, ele falou de sua importância para o patrimônio linguístico e a identidade cultural afro-brasileira, classificando-a como de “médio para fácil” para alunos antenados com discussões sociais.
Em outra pergunta, o protagonismo dado à líder quilombola escravizada Zeferina e a João de Deus Nascimento, uma das lideranças da Revolta dos Alfaiates, evidenciou como a arte pode promover a afirmação da identidade social de afrodescendentes, que historicamente não tinham acesso a retratos.
“A arte pode promover formas de afirmação de identidade social?”, questionou o professor, retoricamente.
Questões sociais e culturais
Outra questão explorou as variedades linguísticas, usando o exemplo da canjica, que possui diferentes nomes regionais como “cural” ou “papa de milho”, reforçando que “todas elas são legítimas” e que o Enem valoriza a diversidade.
Em outra, a função social do texto foi abordada por meio de um cartaz sobre a violência contra mulheres na escola (“Maria da Penha vai à escola”), cujo propósito era promover o engajamento do setor educacional na luta contra a violência. Embora mais trabalhosa, o professor disse que a resposta era alcançável pela eliminação de alternativas.
Outras questões analisadas incluíram a originalidade do trabalho dos artistas que ressignificam galhos de árvores em arte, e a obra “Azulejaria em Carne Viva” de Adriana Varejão, que remete à violência do processo colonial.
O professor também destacou uma questão que abordou a ironia na tradução do “juridiquês” para uma linguagem simples, e outra que explicou o significado da palavra árabe “gufra” (significa “a quantidade de água que você consegue segurar nas mãos em concha”) através de um desenho.
Por fim, uma questão refletiu sobre a trajetória dos meios de comunicação, destacando a permanência e evolução do rádio, que “o rádio tá vivo”, e se adapta a novas tecnologias como o podcast.
Ao encerrar sua participação, Fragoso elogiou a prova por sua grande responsabilidade social e por cobrar a competência linguística dos alunos. “Ele não tem que saber firulas de gramática”, afirmou, mas sim “você é competente, você sabe usar a linguagem”.
Para ele, “a prova está discutindo questões relevantes para a sociedade contemporânea”. “Foi muito bonita, bem elaborada e atual”.
Live CNN e gabarito do 2º dia
A CNN Brasil vai transmitir uma live no dia 16 de novembro, a partir das 20h, com a correção extraoficial das provas feita por professores de biologia, química, física e matemática do Objetivo.
Os gabaritos extraoficiais das provas de ciências da natureza e matemática também estarão disponíveis no site da CNN após o fim da aplicação do Enem.
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