Enem 2025: veja como IAs escreveram a redação com tema deste ano

A CNN Brasil pediu a três inteligências artificiais que escrevessem uma redação com o tema do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano: “perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, em prova aplicada neste domingo (9).

Foram dadas ao ChatGPT, Claude e DeepSeek as mesmas instruções e limitações que os candidatos tiveram na prova oficial, incluindo o limite de 30 linhas.

O resultado: todas as IAs demonstraram notável capacidade de compreensão do tema e da estrutura dissertativo-argumentativa, seguindo as regras à risca e apresentando textos de alta qualidade, cada uma com uma abordagem e repertório próprios.

A cada uma delas foi dada a seguinte orientação, simulando as condições reais de prova e as instruções detalhadas que um estudante receberia:

Orientação para as IAs:

“Você é um candidato que está prestando Enem 2025. Escreva a redação a partir do tema ‘Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira’. Você está escrevendo à mão.

Siga as instruções abaixo:

  1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
  2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
  3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
  4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”; 4.2. fugir ao tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto; 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

O objetivo era observar não apenas a capacidade de argumentação e estruturação textual de cada IA, mas também suas abordagens e nuances ao tratar de um tema complexo e multifacetado como o envelhecimento.

A limitação de 30 linhas, por sua vez, testou a concisão e a síntese argumentativa, elementos cruciais para uma boa nota no Enem.

Análise das redações

ChatGPT apresentou uma redação com foco nos desafios sociais e na necessidade de políticas públicas eficazes. Sua argumentação é clara e direta, abordando a invisibilidade e o abandono dos idosos, além do preconceito etário. A proposta de intervenção é bem articulada, envolvendo Estado, família e sociedade.

Claude se destacou pelo uso de dados estatísticos (IBGE) e repertório sociocultural (Simone de Beauvoir), o que é um diferencial importante no Enem. Sua abordagem enfatiza o etarismo e a insuficiência de infraestrutura e serviços de saúde, culminando em uma proposta de intervenção detalhada que envolve diferentes ministérios e a educação.

Já o DeepSeek trouxe uma análise mais aprofundada, iniciando com a Constituição Federal e explorando a contradição entre o princípio da dignidade humana e a realidade dos idosos. Sua redação aborda a desvalorização sociocultural, a lógica capitalista e a fragilidade das políticas públicas, com uma proposta de intervenção robusta e um fechamento que ressignifica o envelhecimento.

Veja as redações:

ChatGPT

Título: O desafio de envelhecer com dignidade no Brasil

O envelhecimento da população é um fenômeno global, mas no Brasil ele traz desafios particulares, especialmente quando se observam as desigualdades sociais e a falta de políticas públicas eficazes. Viver mais deveria significar viver melhor, porém, para muitos idosos brasileiros, a velhice ainda é sinônimo de abandono e invisibilidade.

Com o avanço da medicina e a melhoria das condições sanitárias, a expectativa de vida do brasileiro aumentou consideravelmente nas últimas décadas. Contudo, essa conquista não foi acompanhada por uma estrutura adequada de apoio ao idoso. O sistema de saúde público, por exemplo, ainda é pouco preparado para lidar com doenças crônicas e limitações físicas típicas da terceira idade. Além disso, muitos idosos enfrentam dificuldades financeiras, já que o valor das aposentadorias é, em geral, insuficiente para cobrir despesas básicas.

Outro fator preocupante é o preconceito etário, conhecido como etarismo, que marginaliza o idoso no mercado de trabalho e nas relações sociais. A cultura da juventude permanente faz com que a experiência e a sabedoria acumuladas com o tempo sejam subestimadas. Assim, o envelhecimento, que deveria ser visto como uma etapa natural e valiosa da vida, torna-se motivo de exclusão.

Portanto, é urgente repensar as perspectivas sobre o envelhecimento na sociedade brasileira. Cabe ao Estado investir em políticas que promovam a autonomia e o bem-estar dos idosos, como centros de convivência, capacitação de profissionais de saúde e campanhas contra o etarismo. Paralelamente, a família e a sociedade devem resgatar o respeito e o cuidado por aqueles que já contribuíram para o país. Somente assim será possível garantir que envelhecer no Brasil seja, de fato, um privilégio — e não um fardo.

Claude

Título: O Brasil que envelhece: desafios e oportunidades

O Brasil passa por uma transformação demográfica significativa. De acordo com o IBGE, até 2060, cerca de 25% da população brasileira terá mais de 65 anos. Esse envelhecimento populacional, resultado da redução da taxa de natalidade e do aumento da expectativa de vida, impõe à sociedade brasileira o desafio de repensar suas estruturas para garantir dignidade e qualidade de vida aos idosos. Entretanto, persistem obstáculos relacionados ao capacitismo etário e à insuficiência de políticas públicas adequadas.

Em primeiro lugar, é fundamental reconhecer que o preconceito contra pessoas idosas, conhecido como etarismo, ainda permeia a sociedade brasileira. Segundo Simone de Beauvoir, em “A Velhice”, o idoso é frequentemente tratado como um cidadão de segunda classe, invisibilizado no mercado de trabalho e nas relações sociais. Essa marginalização gera isolamento, depressão e perda de autonomia, contradizendo os princípios constitucionais de igualdade e dignidade humana.

Além disso, a infraestrutura urbana e os serviços de saúde brasileiros não estão preparados para atender as demandas de uma população envelhecida. Calçadas irregulares, transporte público inadequado e filas extensas no Sistema Único de Saúde dificultam a mobilidade e o acesso a cuidados médicos. Essa deficiência estrutural evidencia a negligência do Estado em implementar políticas preventivas e inclusivas, conforme preconiza o Estatuto do Idoso.

Portanto, é imprescindível que o Ministério da Saúde, em parceria com prefeituras, amplie investimentos em centros de convivência e programas de envelhecimento ativo, promovendo integração social. Paralelamente, o Ministério da Educação deve incluir, nos currículos escolares, discussões sobre respeito à terceira idade, combatendo o etarismo desde a formação básica. Somente com ações integradas será possível construir uma sociedade que valorize todas as faixas etárias, transformando o envelhecimento em uma etapa digna e respeitada da vida.

DeepSeek

Título: Envelhecimento populacional: implicações e respostas sociais no Brasil

A Constituição Federal de 1988 consagra a dignidade da pessoa humana como pilar da sociedade brasileira. No entanto, ao observar a realidade dos idosos no país, percebe-se um profundo abismo entre esse princípio e a prática social. A perspectiva acerca do envelhecimento no Brasil é, portanto, ambígua: oscila entre o reconhecimento jurídico de seus direitos e uma marginalização cultural e estrutural que os segrega, refletindo uma contradição que precisa ser superada.

Em primeira análise, evidencia-se a desvalorização do idoso no tecido sociocultural. Influenciada por uma lógica capitalista que prioriza a produtividade e o culto à juventude, a sociedade muitas vezes enxerga a velhice como sinônimo de obsolescência. Essa visão é perpetuada pela mídia, que raramente representa essa fase da vida com complexidade, restringindo-a a estereótipos de fragilidade ou dependência. Como consequência, forma-se um imaginário coletivo que despreza a experiência e sabedoria acumuladas, relegando os mais velhos a um plano de invisibilidade e, não raro, ao descarte social.

Paralelamente à exclusão simbólica, a fragilidade das políticas públicas configura outro grave entrave. O sistema previdenciário enfrenta crises sucessivas, ameaçando a segurança financeira dessa população. Na saúde, a falta de preparo do SUS para doenças crônicas e o subfinanciamento da geriatria impõem barreiras ao envelhecimento saudável. Ademais, as cidades, planejadas para corpos jovens, negam acessibilidade com a escassez de rampas, transporte adaptado e calçadas regulares, cerceando o direito de ir e vir e aprofundando o isolamento dos idosos.

Diante desse cenário, é imperativo que o Estado, em consonância com a sociedade, atue para ressignificar o envelhecimento. Urge a implementação de políticas públicas robustas, com a ampliação e fiscalização da aplicação do Estatuto do Idoso, garantindo seus direitos. Além disso, o Ministério da Educação, em parceria com as escolas, deve fomentar projetos de convivência intergeracional, desconstruindo estigmas desde a infância. A mídia, por sua vez, tem o dever ético de representar a velhice em sua pluralidade, honrando sua contribuição.

Em síntese, a jornada em direção a uma sociedade verdadeiramente inclusiva para todas as idades exige uma transformação de mentalidades e estruturas. Superar a perspectiva que enxerga o idoso como um fardo é reconhecer que o envelhecer, longe de ser um problema, é uma conquista e parte indissociável da vida. Cabe ao Brasil honrar sua maturidade como nação, valorizando aqueles que a construíram.

CNN Brasil transmite live com correção da prova em tempo real

O Enem 2025 está chegando e você acompanha na CNN Brasil a correção extraoficial ao vivo do exame.

Nos dois domingos de prova, nos dias 9 e 16 de novembro, a partir das 20h, os professores do Objetivo estarão nos nossos estúdios para uma live com a resolução das questões, análises e comentários.

FONTE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *