Quem é Rama Duwaji, esposa de Mamdani e nova primeira-dama de Nova York

Além de Zohran Mamdani, a esposa dele, Rama Duwaji, também marcará a história, sendo a primeira integrante da Geração Z a servir como primeira-dama da cidade de Nova York.

Artista de 28 anos, ela deve se mudar para a Gracie Mansion — a residência oficial do prefeito de NY — sob os holofotes implacáveis ​​da maior cidade dos Estados Unidos.

Curiosamente, Duwaji não fez campanha para Mamdani, com quem se casou no início deste ano. Também não fez nenhuma aparição conjunta na televisão nem concordou em conceder um perfil chamativo para uma revista.

E quase nada em sua página do Instagram, onde ela promove suas obras de arte que retratam mulheres do Oriente Médio e a situação dos palestinos, sugere que ela seja a esposa de Mamdani, com exceção de uma postagem no dia das primárias do Partido Democrata, em junho.

“Não poderia estar mais orgulhosa”, escreveu Duwaji na legenda de uma sequência de fotos mostrando o casal junto, uma foto dela votando antecipadamente e uma foto de Mamdani quando criança.

Embora tenha evitado os eventos tradicionais de campanha, ela esteve presente em momentos-chave dessa disputa e ofereceu consultoria nos bastidores sobre redes sociais e iconografia de campanha.

A artista também acompanhou o marido quando ele votou nas primárias, quando muitos observadores ainda achavam improvável que ele derrotasse o ex-governador Andrew Cuomo, e se juntou ao marido no palco quando ele fez os discursos de vitória naquela noite e após a eleição de terça-feira (4).

Não está claro qual seria, se é que haveria, um papel oficial de Duwaji na prefeitura de Mamdani. Ela recusou entrevistas durante a campanha eleitoral, incluindo um pedido da CNN para esta reportagem.

Mas os últimos meses oferecem algumas pistas.

Casal discreto, Mamdani e Duwaji se conheceram em aplicativo de namoro

Rama Duwaji tem ascendência síria. Ela nasceu em Houston e viveu no Texas até sua família se mudar para Dubai quando ela tinha 9 anos.

Ela frequentou brevemente a Escola de Artes da Virginia Commonwealth University, no Catar, antes de se transferir para o campus da mesma universidade em Richmond para concluir sua graduação.

Posteriormente, obteve um mestrado em ilustração como ensaio visual pela School of Visual Arts, em Nova York. Suas ilustrações já apareceram em publicações como The Cut, BBC, Vogue e The New Yorker.

Duwaji e Mamdani se conheceram no aplicativo de namoro Hinge em 2021. Ele havia sido eleito recentemente para a Assembleia do Estado de Nova York, uma informação que ela desconhecia.

O primeiro encontro deles soaria familiar para muitos dos jovens apoiadores da campanha de Mamdani: eles jantaram no Qahwah House, um café iemenita no Brooklyn, seguido de um passeio no Parque McCarren, nas proximidades.

No segundo encontro, Mamdani levou Duwaji para conhecer seu distrito eleitoral em Astoria, no Queens.

Eles ficaram noivos alguns anos depois, em outubro de 2024. Dias após anunciarem o noivado no Instagram, Mamdani lançou sua campanha para prefeito.

O casal celebrou o noivado em Dubai, em dezembro de 2024, e se casaram em fevereiro deste ano no cartório da prefeitura, em Lower Manhattan. Posaram para fotos nos sofás verdes da sala de espera do cartório, tendo como pano de fundo a prefeitura.

Vários meses antes da cerimônia de casamento, eles discutiram como a candidatura à prefeitura poderia mudar suas vidas, limitar suas privacidades e provavelmente expor Duwaji ao público, de acordo com uma pessoa familiarizada com o casal, que pediu anonimato para compartilhar detalhes privados.

Pouco depois de Mamdani lançar a campanha e começarem a surgir questionamentos sobre o casal — incluindo uma manchete do New York Post com fotos que dizia que  “o candidato socialista à prefeitura de Nova York, Zohran Mamdani, casou-se secretamente em uma cerimônia exótica em Dubai, mostram fotos” — ele publicou as fotos da cerimônia civil no Instagram.

“Rama não é apenas minha esposa, ela é uma artista incrível que merece ser reconhecida por seus próprios méritos”, escreveu.

Auxílio na campanha e vitória de Mamdani

De toda forma, Duwaji, segundo uma pessoa próxima ao casal, sabia no que estava se metendo.

Durante o ano em que Zohran Mamdani fez campanha para prefeito, ela foi uma grande fonte de apoio, mesmo quando ele acabava dormindo no sofá enquanto tentavam maratonar “Temptation Island” e a série “Missão Impossível” em intervalos de 15 a 30 minutos.

Ela ajudou a finalizar a identidade visual da campanha e trabalhou na versão final da iconografia e da fonte, que apresenta uma mistura distinta de cores facilmente identificáveis ​​pelos nova-iorquinos: amarelo-alaranjado do metrô, azul do New York Mets para sombras e fundos, e toques de vermelho dos bombeiros.

A fonte do texto, por sua vez, remete à época das placas amarelas vibrantes das bodegas, que chamavam a atenção dos clientes.

Com uma campanha impulsionada pelas redes sociais, o novo prefeito de Nova York também reconhece a contribuição da esposa para o aprimoramento de sua presença digital.

Ele às vezes é questionado sobre seu casamento recente e o futuro do casal. Em uma coletiva de imprensa recente, na qual Mamdani destacava sua proposta de fornecer “cestas para bebês” a recém-nascidos e suas famílias em Nova York, ele foi perguntado se planejava ter filhos em breve.

“Sinto como se estivesse falando com a minha mãe”, respondeu o homem de 34 anos, rindo, e acrescentando que, por enquanto, está focado na corrida para prefeito.

Apoio à causa palestina

As visões políticas de Duwaji são expressas claramente por meio de sua arte, com ilustrações em preto e branco retratando mulheres do Oriente Médio, a fome severa em Gaza e a bandeira palestina.

Essas obras se alinham com as críticas de Mamdani ao governo israelense e à sua condução da guerra após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. Muitas vezes, esses comentários atraíram descontentamento da população judaica da cidade de Nova York, a maior fora de Israel.

“O que ela está publicando está em consonância com muitas das coisas que Mamdani tem dito”, disse Lisa Burns, professora de estudos de mídia na Universidade Quinnipiac, que estudou o papel das primeiras-damas.

“Estou começando a ver esse trabalho convergindo, onde o trabalho de defesa que ela está fazendo apoiará o trabalho que ele está fazendo — mesmo que seja separado — em vez de prejudicá-lo”, adicionou.

Em uma entrevista de abril para a Yung, uma revista trimestral focada em arte da África e do Oriente Médio, Duwaji afirmou que cria seu trabalho “para pessoas que se importam com as coisas com as quais eu me importo”.

“Com tantas pessoas sendo marginalizadas e silenciadas pelo medo, tudo o que posso fazer é usar minha voz para falar sobre o que está acontecendo nos EUA, na Palestina e na Síria o máximo que puder”, destacou.

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