O filme iraquiano “The President’s Cake” foi o grande vencedor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deste ano.
O longa, que conta a história de uma menina de 9 anos que precisa fazer um bolo para o presidente do Iraque, foi escolhido pelo júri da Mostra como Melhor Filme do Festival. Ele também já havia sido premiado no Festival de Cannes com o Caméra d’Or para Melhor Filme de Diretor Estreante e escolhido pelo público na Quinzena dos Cineastas.
Esse é o primeiro longa-metragem do diretor iraquiano Hasan Hadi. Com o fim da mostra, há uma exibição do longa programada para segunda, 3 de novembro, às 17h no CineSesc.
O prêmio especial do júri, por sua vez, foi para o filme “DJ Ahmet”, ambientado na Macedônia do Norte. O longa conta a história de um menino de 15 anos que encontra refúgio na música enquanto lida com as expectativas impostas pelo pai. Já o público premiou os filmes brasileiros “Criadas“, como Melhor Ficção, e “Cadernos Negros“, como Melhor Documentário. Confira a lista completa de vencedores.
Sobre a 49ª Mostra Internacional de São Paulo
Nesta edição, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo exibiu 374 títulos de 80 países e trouxe ao Brasil nomes importantes do cinema mundial como o iraniano Jafar Panahi que, em 2010, foi condenado a seis anos de prisão e proibido de filmar ou sair do Irã por 20 anos sob a acusação de fazer propaganda contra o regime que governa o país. Apesar disso, ele continua filmando e ganhando prêmios ao redor do mundo.
Neste ano, por exemplo, seu novo longa, “Foi Apenas um Acidente”, venceu o Prêmio Principal do Festival de Cannes e foi exibido durante a Mostra de SP, contando com a participação do diretor em todas as sessões. O filme começa contando como um pequeno acidente pode desencadear uma série de consequências, refletindo sobre os traumas e as consequências dos regimes ditatoriais e violentos.
Em uma dessas sessões, exibida no Reserva Cultural, Panahi dedicou o seu novo filme aos cineastas iranianos e disse que gostaria muito que seu filme fosse assistido em seu próprio país. “Infelizmente, apenas um de meus filmes foram exibidos no Irã, o restante, nunca. Mas fiz os meus filmes desejando que, um dia, eles sejam vistos no Irã. Infelizmente, no Irã, temos um governo que proíbe nossa conversa, como cineasta, com seu povo. Qualquer filme que não aceita censura, é proibido. Mas cineastas iranianos sempre buscam seus caminhos, apesar das proibições. A sessão de hoje eu ofereço, de coração, para todos os cineastas iranianos”, disse ele ao público presente à sessão.
O evento também trouxe ao país o escritor português Valter Hugo Mãe, que participou das sessões de dois filmes em sua homenagem. O primeiro é o documentário “De Lugar Nenhum”, dirigido pelo diretor Miguel Gonçalves Mendes e que filmou Mãe durante sete anos, acompanhando a escrita do seu romance “A Desumanização”. O outro é o longa “O Filho de Mil Homens”, dirigido pelo brasileiro Daniel Rezende e que é baseado no livro homônimo do autor.
Na sessão do documentário “De Lugar Nenhum”, Mãe disse que este filme foi um projeto muito importante, que levou sete anos para ser filmado. “O filme é uma viagem, que espero que gostem de ver e de viver. Estou muito grato de estar aqui. Mas eu diria que, se algum dia, pedirem para filmar um documentário sobre você, recusem”, falou ele, arrancando risos do público presente à sessão.
Um dos homenageados pelo festival deste ano foi o também escritor e desenhista Mauricio de Sousa, que completou 90 anos de idade neste mês de outubro. Além de ter exibido o longa “Mauricio de Sousa – O Filme”, que conta a sua história e que foi interpretado por seu filho, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo concedeu ao quadrinista brasileiro o Prêmio Leon Cakoff, um reconhecimento ao seu trabalho e uma celebração de seu aniversário.