Os Estados Unidos atacaram outro barco, supostamente carregado com drogas, no Pacífico nesta quarta-feira (29). Todas as quatro pessoas que estavam a bordo foram mortas, informou o secretário de Defesa, Pete Hegseth, nas redes sociais.
Segundo Hegseth, os serviços de inteligência teriam conhecimento do envolvimento da embarcação com o tráfico de drogas. O chefe do Pentágono disse ainda que o barco transitava por uma rota conhecida de narcotráfico.
A região, disse Hegseth, “deixou de ser um refúgio seguro para narco-terroristas que trazem drogas às nossas costas para envenenar os americanos”. E acrescentou que o Pentágono vai “continuar a persegui-los e eliminá-los onde quer que atuem”. A publicação acompanha um vídeo de 22 segundos do momento do ataque.
Earlier today, at the direction of President Trump, the Department of War carried out a lethal kinetic strike on yet another narco-trafficking vessel operated by a Designated Terrorist Organization (DTO) in the Eastern Pacific.
This vessel, like all the others, was known by our… pic.twitter.com/mBOLA5RYQe
— Secretary of War Pete Hegseth (@SecWar) October 29, 2025
Os Estados Unidos já lançaram 12 ofensivas contra barcos no Caribe e no Pacífico desde que o governo Donald Trump passou a mobilizar tropas na região sob a justificativa de combater o tráfico de drogas. As operações escalaram as tensões com a Venezuela e a Colômbia.
Na última ofensiva, quatro barcos foram atacados e 14 pessoas morreram. Os EUA alegaram que essas embarcações transportavam drogas, sem apresentar provas que sustentem essas afirmações.
Veja a linha do tempo dos ataques
2 de setembro
O primeiro ataque dos Estados Unidos contra uma embarcação no Caribe ocorreu em 2 de setembro.
O presidente Donald Trump anunciou a ofensiva em suas redes sociais e afirmou que, sob suas ordens, as Forças Armadas dos Estados Unidos “realizaram um ataque militar contra narcoterroristas do Tren de Aragua identificados na área de responsabilidade do Comando Sul”.
“O Tren de Aragua é uma organização terrorista estrangeira designada pelo Departamento de Estado, que opera sob o controle de Nicolás Maduro e é responsável por homicídios em massa, narcotráfico, tráfico de pessoas e atos de violência e terror nos Estados Unidos e no hemisfério ocidental”, escreveu Trump na Truth Social.
“Que isto sirva de advertência para qualquer um que pense em trazer drogas para os Estados Unidos. CUIDADO!”, acrescentou.
A CNN informou que funcionários do Departamento de Defesa não apresentaram provas conclusivas de que os alvos do primeiro ataque fossem membros do Tren de Aragua, e que as fontes não conseguiram determinar com precisão o rumo da embarcação.
Onze pessoas morreram nesse ataque.
15 de setembro
Pouco menos de duas semanas depois, as Forças Armadas dos Estados Unidos realizaram um novo ataque contra uma embarcação em águas internacionais, no qual três pessoas morreram.
Trump afirmou que o barco supostamente “transportava entorpecentes ilegais” vindos da Venezuela.
“Esses cartéis do narcotráfico extremamente violentos REPRESENTAM UMA AMEAÇA para a Segurança Nacional, a Política Externa e os interesses vitais dos EUA”, acrescentou.
Esse segundo ataque ocorreu em meio ao aumento das tensões com aquele país, já que os Estados Unidos haviam mobilizado recursos militares na região.
Naquele momento, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o secretário de Estado, Marco Rubio, anteciparam que haveria mais atividade no Caribe, pois os EUA “vão combater os cartéis de drogas que estão inundando as ruas americanas”.
19 de setembro
Quatro dias depois, Trump anunciou outro ataque militar letal contra uma suposta embarcação de narcotráfico que, segundo ele, estava afiliada a uma organização terrorista designada.
“A inteligência confirmou que a embarcação traficava entorpecentes ilícitos e transitava por uma rota conhecida de narcotráfico a caminho de envenenar os americanos”, publicou Trump na Truth Social junto com um vídeo da operação.
Três pessoas morreram nesse ataque.
3 de outubro
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou que as Forças Armadas do país realizaram um quarto ataque, no qual quatro pessoas morreram.
O ataque ocorreu em águas internacionais, bem em frente à costa da Venezuela, escreveu Hegseth em uma publicação em suas redes sociais.
O funcionário não especificou com qual suposta organização terrorista a embarcação estaria vinculada, mas acrescentou que “nossa inteligência, sem sombra de dúvida, confirmou que essa embarcação traficava entorpecentes, as pessoas a bordo eram narcoterroristas e operavam em uma rota de trânsito de narcotráfico conhecida”.
14 de outubro
Seis pessoas morreram no quinto ataque dos Estados Unidos contra uma embarcação próximo à costa da Venezuela.
Mais uma vez, o presidente Trump afirmou que a embarcação estava “afiliada a uma organização terrorista designada”, mas não mencionou nenhuma organização específica nem apresentou provas que sustentassem essa afirmação.
Nesse momento, já somavam 27 as pessoas mortas nessas operações, e o governo dos Estados Unidos defendia cada um dos ataques.
Em uma carta enviada ao Congresso no início de outubro, o Pentágono afirmou que Trump havia determinado que os Estados Unidos estavam em um “conflito armado” com os cartéis de drogas que seu governo designou como organizações terroristas, e que os traficantes desses cartéis eram “combatentes ilegais”.
No entanto, isso gerou preocupação até mesmo entre alguns conservadores, e pelo menos uma das embarcações atacadas pelas forças americanas havia mudado de direção antes de ser atingida, informou a CNN — o que indica que não representava uma ameaça iminente nem aos Estados Unidos nem às suas forças.
16 de outubro
Os Estados Unidos realizaram um sexto ataque contra uma embarcação no Caribe. Esta teria sido a primeira operação em que nem todos os tripulantes a bordo morreram.
Os dois sobreviventes, naturais do Equador e da Colômbia, foram enviados de volta aos seus países.
“Pelo menos 25.000 americanos morreriam se eu permitisse que este submarino chegasse à costa. Os dois terroristas sobreviventes serão devolvidos aos seus países de origem, Equador e Colômbia, para sua detenção e julgamento”, publicou Trump na Truth Social.
Jeison Obando Pérez, de 34 anos, foi identificado como o sobrevivente repatriado para a Colômbia, segundo uma publicação no X do ministro do Interior do país, Armando Benedetti. Pérez chegou “com trauma cerebral, sedado, drogado e respirando com a ajuda de um ventilador”, afirmou Benedetti, acrescentando que ele havia recebido atendimento médico.
Quanto ao sobrevivente do Equador, trata-se de Andrés Fernando Tufiño Chila, de 41 anos, segundo uma ficha da Polícia Nacional do Equador obtida pela CNN. O cidadão chegou ao país na manhã de sábado e passou por uma avaliação médica.
O Ministério Público do Equador informou na segunda-feira que não há registros de que Tufiño Chila tenha cometido qualquer crime em território equatoriano. Contudo, documentos judiciais dos Estados Unidos indicam que ele foi preso, condenado e encarcerado em 2020 por contrabando de drogas na costa do México, antes de ser deportado.
“Não, não… Ele não é. Ele não é um criminoso”, afirmou a irmã de Tufiño Chila, que pediu anonimato por questões de segurança, em declarações à CNN de uma pequena cidade costeira próxima a Guayaquil, no Equador.
17 de outubro
Dois dias após a ofensiva, o secretário de Defesa Pete Hegseth anunciou que a sétima embarcação atacada estava afiliada a uma organização terrorista colombiana e que transportava “quantidades substanciais de entorpecentes” a bordo.
Os três tripulantes a bordo da embarcação morreram.
“Esses cartéis são a Al Qaeda do Hemisfério Ocidental, usam violência, assassinato e terrorismo para impor sua vontade, ameaçar nossa segurança nacional e envenenar nosso povo”, escreveu Hegseth.
“As Forças Armadas dos Estados Unidos tratarão essas organizações como os terroristas que são: serão perseguidas e eliminadas, assim como a Al Qaeda”.
Os ataques geraram confrontos públicos com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que acusou os Estados Unidos de assassinar um cidadão colombiano inocente durante um dos ataques a embarcações no Caribe. Trump anunciou que cancelaria todos os pagamentos e subsídios dos EUA ao país.
21 e 22 de outubro
As Forças Armadas dos Estados Unidos realizaram ataques letais contra duas embarcações no Pacífico, nos quais todas as pessoas a bordo de cada barco morreram, segundo o secretário de Defesa, Pete Hegseth.
No oitavo ataque, duas pessoas morreram, e no nono, três.
Hegseth afirmou que a embarcação atacada no Pacífico estava “operada por uma Organização Terrorista Designada e realizava narcotráfico no Pacífico Oriental” e que “nossa inteligência sabia que ela estava envolvida no contrabando ilícito de entorpecentes”.
As ofensivas contra embarcações no Pacífico parecem marcar uma expansão da campanha militar dos EUA, já que os sete ataques anteriores haviam sido realizados contra barcos no mar do Caribe.
“Os narcoterroristas que pretendem trazer veneno para nossas costas não encontrarão refúgio em nenhum lugar do nosso hemisfério”, declarou Hegseth.
24 de outubro
O décimo ataque, o último conhecido até o momento, ocorreu na sexta-feira.
O secretário de Defesa declarou que os Estados Unidos realizaram um ataque noturno contra uma embarcação que, segundo ele, operava para o Tren de Aragua no Caribe.
27 de outubro
Na décima primeira ofensiva, Hegseth relatou o primeiro operativo múltiplo, com três ataques a quatro embarcações em águas internacionais do leste do Pacífico na segunda-feira, dia 27.
O secretário informou que 14 pessoas morreram nas embarcações “operadas por organizações terroristas designadas” e que um sobrevivente estava sendo procurado.
“As quatro embarcações eram conhecidas pelo nosso aparato de inteligência, transitavam por rotas conhecidas do narcotráfico e transportavam entorpecentes”, declarou o secretário de Defesa.