Esta quarta-feira, dia 29 de outubro, marca o Dia Mundial do AVC, doença que pode resultar em sequelas permanentes. Segundo o neurocirurgião Orlando Maia, do Hospital Quali Ipanema e membro da World Federation of Interventional and Therapeutic Neuroradiology, o tempo de resposta pode ser decisivo na recuperação do paciente.
A ocorrência do AVC sempre foi mais característica das pessoas idosas, no entanto, segundo ele, há uma crescente da doença entre os mais jovens, devido a alguns fatores.
“Nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum o AVC em pessoas mais jovens, devido a fatores como mudanças nos hábitos de vida, obesidade, sedentarismo, uso de anticoncepcionais orais, tabagismo e uso de cigarros eletrônicos, que aumentam o risco para o desenvolvimento da doença.”, declara Maia.
Ele destaca que “o AVC é uma doença de início súbito, que ocorre de forma inesperada. Raramente apresenta evolução lenta ou progressiva, embora alguns pacientes possam manifestar sintomas prévios, como episódios passageiros de paralisia”.
Os sintomas mais comuns incluem paralisia de um braço, de uma perna ou de ambos, além de alterações na fala e na visão, geralmente em apenas um lado, segundo o especialista. Em alguns casos, esses sinais podem aparecer de forma transitória — por exemplo, perda temporária de força ou da visão —, o que pode indicar o risco de um AVC definitivo.
Um fator decisivo na recuperação dos pacientes é o tempo que se leva até receber avaliação médica. Orlando Maia revela que cada minuto é importante até o atendimento.
“Cada minuto com falta de circulação no AVC isquêmico gera a morte de um neurônio, então a gente tem alguns tempos que são ideias. Até 4 horas e meia é possível injetar uma medicação que ajuda a dissolver essa obstrução, esse coágulo e quando você passa dessas quatro horas e meia, há um tempo de caso para caso para que a gente entre com um catéter em procedimento chamado trombectomia mecânica, o que pode ir até 24 horas”, declara.
Ele acrescentou que após o AVC, o que vai determinar se o paciente vai se recuperar ou não é se ele foi tratado a tempo, se o coágulo conseguiu ser dissolvido ou aspirado e se tudo voltou ao normal.
O especialista ainda explica a diferença entre dois tipos de AVC. “O acidente vascular cerebral (AVC) ocorre quando há uma interrupção no fluxo sanguíneo do cérebro, podendo ser de dois tipos: hemorrágico ou isquêmico. O AVC hemorrágico acontece quando um vaso sanguíneo se rompe, geralmente em decorrência de hipertensão arterial, de um aneurisma ou de uma malformação vascular, provocando uma hemorragia cerebral”, diz Maia.
“Já o AVC isquêmico, responsável por cerca de 80% dos casos, ocorre por falta de circulação sanguínea no cérebro, causada pelo entupimento de um vaso devido à formação de um coágulo ou ao acúmulo de placas de gordura. Em ambos os casos, trata-se de uma condição grave e aguda que requer atendimento médico emergencial para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível”, diz o neurocirurgião.
Prevenção
De acordo com o Ministério da Saúde, o problema pode ser evitado com o controle dos principais fatores de risco como, por exemplo, hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo e colesterol alto.
Os principais fatores de risco para o aumento dos casos estão ligados à ausência de hábitos de vida saudáveis — como manter uma boa alimentação, praticar exercícios regularmente, evitar o tabagismo e controlar os níveis de colesterol e glicose.
Além disso, a qualidade do sono também exerce um papel importante: dormir bem permite que o organismo se recupere adequadamente e evita o desenvolvimento de processos inflamatórios crônicos, conhecidos como síndrome metabólica.
A combinação desses maus hábitos, especialmente uma alimentação inadequada, tem impacto direto no aumento da ocorrência de AVC entre os jovens.
Veja dicas de prevenção:
- Mantenha uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e alimentos naturais;
- Pratique exercícios físicos regularmente;
- Evite fumar e reduza o consumo de álcool;
- Faça check-ups periódicos para acompanhar colesterol e glicose;
- Durma bem — o sono de qualidade ajuda o corpo a se recuperar e evita inflamações que podem levar à síndrome metabólica.