O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ), que há vagas disponíveis em presídios federais para presos sob custódia do Estado fluminense.
Rui Costa também pediu ao governador uma “reunião de emergência” nesta quarta-feira (29), no Rio, junto ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
Castro disse que solicitou ao governo federal que 10 lideranças criminosas fossem transferidas para presídios federais. De acordo com o governador, o grupo estaria “ajudando a tocar o terror” no estado, mesmo estando sob contenção no sistema penitenciário estadual.
“Eu tomei essa decisão acreditando que política de segurança pública se faz com diálogo e integração”, afirmou Castro em publicação nas redes sociais, nesta terça-feira (28).
De acordo com a Secretaria Nacional de Políticas Penais, vinculada ao Ministério da Justiça, já houve a solicitação de transferência de dez presos de “alta periculosidade”. A conclusão do processo “depende de autorização judicial e será atendida assim que os trâmites legais forem concluídos”, segundo a secretaria.
A conversa entre Castro e Rui ocorreu após reunião do governo federal para tratar sobre a megaoperação promovida pelas forças policiais do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha, na capital fluminense.
A ação, que mirou contra o Comando Vermelho, terminou com 64 mortos, 81 presos e 93 fuzis apreendidos. 2,5 mil agentes foram mobilizados para a operação, que foi a maior da história do estado, segundo o governo fluminense.
Esta também se tornou a operação mais letal da história do Rio, superando a realizada no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 mortos.
Em pronunciamento sobre a operação, Castro chegou a dizer que o estado estava “sozinho nessa guerra” e que havia solicitado três vezes apoio de blindados das Forças Armadas para ações, mas que os pedidos haviam sido negados.
Em fevereiro, a AGU (Advocacia-Geral da União) elaborou um parecer para fundamentar juridicamente a recusa das Forças Armadas, sob a alegação de que o pedido só poderia ser atendido se houvesse decretação de operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
Nesta terça, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que não recebeu pedidos voltados para a megaoperação.
“Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação. Nem ontem e nem hoje. Absolutamente nada”, disse o ministro em entrevista coletiva.
Horas após as declarações, Castro ligou para a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e disse que suas falas não tinham a intenção de criticar o governo Lula (PT), e que apenas refletiam suas preocupações com as dificuldades enfrentadas pelo estado no combate ao crime organizado.
* Com informações de Caio Junqueira e Pedro Teixeira; publicado por Henrique Sales Barros