A saída de Márcio Macêdo da Secretaria-Geral da Presidência da República marca a 13ª troca ministerial no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão foi comunicada nesta segunda-feira (20).
Macêdo será substituído pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).
A mudança na pasta faz parte de uma série de alterações previstas na Esplanada dos Ministérios. As modificações no primeiro escalão do governo devem continuar ocorrendo em função do calendário eleitoral e das articulações políticas em curso.
Em setembro, o então ministro havia comentado sobre os rumores de saída do governo. Na ocasião, ele afirmou que se formava um “cerco político” contra ele e destacou que a decisão era do presidente Lula.
“O presidente nunca tratou comigo sobre saída do ministério e eu reconheço que ele tira e bota a hora que ele quiser. Não tem problema nenhum sobre isso. No mais, é cerco político, é disputa, faz parte da política”, disse em entrevista coletiva.
Veja as trocas e demissões realizadas na Esplanada desde 2023
- Gonçalves Dias — demitido do GSI (Gabinete de Segurança Institucional)
- Daniela Carneiro — demitida do Ministério do Turismo
- Ana Moser — demitida do Ministério do Esporte
- Márcio França — realocado do Ministério de Portos e Aeroportos para o Empreendedorismo
- Flávio Dino — deixou o Ministério da Justiça para assumir uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal)
- Silvio Almeida — demitido do Ministério dos Direitos Humanos
- Paulo Pimenta — demitido da Secom (Secretaria de Comunicação Social)
- Nísia Trindade — demitida do Ministério da Saúde
- Alexandre Padilha — realocado da Secretaria de Relações Institucionais para o Ministério da Saúde
- Juscelino Filho — demitido do Ministério das Comunicações
- Cida Gonçalves — demitida do Ministério das Mulheres
- Carlos Lupi — pediu demissão do Ministério do Trabalho
- Márcio Macêdo — demitido da Secretaria-Geral da Presidência
Relembre alguns casos
Gonçalves Dias
O primeiro ministro a deixar o governo foi o general Gonçalves Dias, que comandava o GSI.
Ele deixou o cargo após a CNN divulgar filmagens do circuito interno do Palácio do Planalto no dia dos ataques de 8 de janeiro. O vídeo mostrava o ex-ministro caminhando com invasores pelo prédio.
Daniela Carneiro
Dois meses depois, em junho de 2023, Lula demitiu a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro.
Após ela pedir desfiliação do União Brasil, a legenda pressionou o Planalto por uma troca, de forma a manter o ministério sob gestão da legenda. Foi nomeado Celso Sabino em seu lugar.
Minirreforma
Em setembro de 2023, Lula fez uma minirreforma ministerial para ampliar o apoio do centrão e garantir votos no Congresso. Ana Moser deixou o Ministério do Esporte para a entrada de André Fufuca (PP).
Silvio Costa Filho (Republicanos) assumiu Portos e Aeroportos, antes comandado por Márcio França, que foi realocado para o recém-criado Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Dino no STF
A quinta mudança ministerial ocorreu em fevereiro de 2024, quando Lula indicou o então ministro da Justiça, Flávio Dino, para o STF, na vaga deixada por Rosa Weber. O ministério passou então a ser comandado por Ricardo Lewandowski.
Silvio Almeida
Já em setembro de 2024, o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi demitido após ser acusado de assédio moral e sexual.
Paulo Pimenta
Em janeiro de 2025, Lula demitiu o então ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, e nomeou o publicitário Sidônio Palmeira, que atuou em sua campanha de 2022.
A mudança teve como objetivo modernizar a comunicação do governo, ampliar sua presença nas redes sociais e conter a disseminação de notícias falsas.
Nísia Trindade
Em fevereiro, a ministra Nísia Trindade foi demitida do Ministério da Saúde e substituída por Alexandre Padilha.
A troca foi motivada por pressões internas e do próprio Lula para dar à pasta um viés mais “político” e concretizar entregas consideradas prioritárias por Lula.
Carlos Lupi
Em maio, Carlos Lupi pediu demissão do Ministério da Previdência após a revelação do escândalo de fraudes em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Em seu lugar, entrou Wolney Araújo, então secretário executivo.
Cida Gonçalves
Também em maio, Cida Gonçalves foi demitida do Ministério das Mulheres. Em seu lugar entrou Márcia Lopes.
Em fevereiro deste ano, a ministra revelou à Comissão de Ética da Presidência da República que costumava interromper agendas para atender a primeira-dama, Janja da Silva. Ela também afirmou que ignorava os chamados de dois ministros: Alexandre Padilha (à época, Relações Institucionais) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência).
Na ocasião, ela respondia a um processo, posteriormente arquivado no órgão, por suspeita de ter cometido assédio moral. Segundo apuração interna, a ministra teria sugerido apoio financeiro a uma servidora para que ela se candidatasse nas eleições em 2026, em troca de silêncio em uma denúncia sobre racismo.
*Publicado por Leticia Martins