Gray Divorce: entenda o movimento do aumento de divórcios entre os 50+

O Gray Divorce, também conhecido como “divórcio grisalho”, é um movimento identificado nos Estados Unidos há anos e seu aumento no Brasil está sendo diagnosticado em novos estudos e levantamentos.

A separação de casais de pessoas com 50 anos ou mais, após décadas de casamento, está se mostrando como tendência e pode ser motivado pela maior independência das mulheres e a diminuição do estigma do divórcio nas sociedades ocidentais.

Um estudo conduzido pela psicóloga Manuela Borges no Centro Universitário de Brasília (Ceub) entrevistou homens e mulheres entre 61 e 90 anos, todos divorciados após os 60 anos.

O diagnóstico obtido foi que, apesar dos medos iniciais que surgem ao encerrar um relacionamento na terceira idade, o Gray Divorce gera evoluções pessoais e abertura para novas experiências de vida.

De acordo com uma pesquisa feita pelo National Center for Family & Marriage Research (NCFMR), da Bowling Green State University, o número de divorciados com mais de 65 anos triplicou nos Estados Unidos em uma comparação entre 1990 e 2022.

A principal causa do aumento pode ser o aumento de debates e diminuição do estigma do assunto, desmistificando o fim de casamentos.

Algumas pessoas entrevistadas por Manuela Borges relataram que não tomaram a decisão antes por medo de ferir sua imagem na sociedade, por precisar manter compromissos profissionais e pela resolução de esperar os filhos crescerem para se separar.

Os motivos do “divórcio grisalho” vão da síndrome do “ninho vazio” — comum quando filhos saem de casa —, problemas acumulados ao longo dos anos, interesses diferentes, vontade de crescimento pessoal e experiências marcantes — como episódios envolvendo morte e acidentes.

De acordo com o estudo do Ceub, os sentimentos comuns ao optar pelo fim de longos relacionamentos são solidão, principalmente no início de uma nova rotina, problemas nas relações familiares e dificuldade na adaptação de morar sozinho.

“Muitos disseram que antes se sentiam como uma metade. Com o divórcio, começaram a se reconstruir até se sentirem novamente inteiros”, disse Manuela Borges em um comunicado à imprensa.

A relação com os familiares pode mudar, dado que muitos não entendem o motivo do fim dos relacionamentos de muitas décadas. Entretanto, alguns entrevistados relataram que após o choque inicial, os parentes assumiram que houve uma melhora na qualidade de vida dos recém-divorciados.

Ainda, alguns relatos mostraram que a separação na terceira idade pode trazer novidades como abertura para novas experiências, facilidade em se relacionar romanticamente e maior conhecimento do “eu”.

“O casamento constrói um ‘nós’. A separação exige a reconstrução do ‘eu’. É doloroso, mas profundamente transformador. Essas pessoas sabem o que querem e não têm mais tempo a perder”, contou a autora do estudo.

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